quinta-feira, 13 de novembro de 2014

AKORÒ, AKORÒ ONIGBÉ, ALAKORÒ

"Dono da pequena coroa".

Historicamente, teria sido o filho mais velho de Odùduà, o fundador de Ifé, usando o título de Oniré (Rei de Irê), por se apossar da cidade de Irê, matando seu rei.
Em outras tradições é filho de Yemanjá Ogunté, jovem, dinâmico, entusiasta, empreendedor, protetor seguro, amigo fiel.
É o irmão mais velho de Odé, não come mel, ligado a floresta, qualidade benéfica de Ogum invocada no Ipàdé.
Está ligado ao mistério das árvores, consequentemente à Oxalá.
Seu igbá está ao pé de um Igí-uyeuè (cajazeira) no Brasil, onde um adàn, akòko ou Àràbà na Nigéria e no Daomé, e rodeado por uma cerca de peregun.
Podendo também ficar ao pé do Igí-òpé cujo tronco simboliza a matéria individualizada dos funfun (orixás do branco, particularmente Oxalá), que as folhas brotadas sobre os ramos ou troncos, simbolizam descendentes e que o màrìwò é a representação mais simbólica de Ogún.
É o Ogum que usa o mariwò como coroa, sua roupa é o mariwò, toma conta da casa de Oxalá.
• Akóro Ko l'axo
Akóro não tem roupas
• Màrìwò l'axo Ogún o!
Màrìwò veste Ogún
• Màrìwò Màrìwò
Na sua estreita relação, com a natureza humana, na qual é o regente dos "caminhos" no seu sentido de trabalho, oportunidades profissionais, e ao mesmo tempo "guardião" da casa, é expressa em sua cantiga:
• Ogún á jó (Ogún dançará)
e màrìwò (fronde da palmeira, usada como sua roupa)
Ogún Akòró e màrìwò
• Iwó a gba 'lé bg'ònà
(ele ocupará a casa e o caminho)
• Ogun á jó e màrìwò màá tú yeye
(fronde da palmeira cresça)
• Akóro pa lónìí ó
• Pa o jàre pa léle pa
• Ogún pa o jàre
Nesta cantiga está se pedindo para Ogun abrir os caminhos: vai cortando, desembaraçando o caminho. Uma outra tradução, fala em matar, de quando os orixás vinham a guerra, e que eles lutavam.
Ogun usava uma pequena diadema ( coroa ). Foi autorizado a usar apenas um simples diadema, chamado àkòró, e isso lhe valeu ser saudado, até hoje, sob o nome de Ògún Aláàkòró (Senhor da Pequena Coroa).
MITOLOGIA
Ògún, o ferreiro de Ire, gostava de sua liberdade.
Morava na forja, na última rua da cidade, com sua esposa Oyá, que o ajudava.
Sua casa não tinha porta ou janela e o tecto era formado pelas folhas de mariwo, que impediam a chuva e o excesso de sol de incomodá-lo.
Ele via os amigos passarem na rua e os saudava com um aceno.
Era considerado homem importante, e fora presenteado pela comunidade com um "akoro", pequena coroa de metal que usava com muito orgulho.
Pedira ao seu irmão Ode, o caçador, também chamado Osóòssi, que caçasse para ele um enorme touro selvagem que vivia por perto.
Tratou o couro do animal e fez dele um enorme fole. Sua esposa Oyá manejava o fole o dia todo, enquanto ele trabalhava na forja, com o calor em seu rosto.
E quem passava naquela rua ouvia a música que saia da forja: "Wuuush", fazia o fole. "Lakaiye, lakaiye", ecoavam a bigorna e o martelo.
Havia muito trabalho e Ògún e Oyá não paravam nunca.
Uma família resolveu certo dia realizar uma festa para o velho Pai que morrera no ano anterior.
Contrataram a Sociedade Egungun da aldeia, cerimônias de propiciação foram feitas pelos Sacerdotes, e o Egungun do velho Pai passeou todo o dia pela cidade, com a família e os amigos atrás, felizes de rever seu Pai de volta ao mercado, tomando sol na praça, andando na estrada, entrando nas casas, brincando e conversando com todos.
Bem mais tarde, Egungun passou pela forja, para rever seu amigo ferreiro.
E, ao ouvir a música que saia de lá, pôs-se a dançar na rua. Todos ao seu redor riam e gritavam de alegria, Ògún acelerava os movimentos, e o "Lakaiye, lakaiye" saia mais forte.
Oyá manejava rapidamente o fole, e ouvia-se "Wuuush, wuuush, wuuush", quase sem parar.
O povo aplaudia aquela música e cada vez mais juntava gente ao redor da forja.
Ògún estava muito orgulhoso de sua mulher.
Ela realmente era muito forte, tinha bom ritmo, sabia como transformar seu fole em um instrumento musical, e com isso encantara e dominara a Egungun, tido como difícil de lidar. A noite caiu e Egungun ainda dançava na rua.
Ògún disse a Oyá que largasse o fole e fosse dançar com Egungun.
Ele ao mesmo tempo manejaria o fole e bateria o martelo.
E por horas e horas, Oyá e Egungun dançaram e alegraram o povo de Ire.
Ògún então tirou seu akoro da cabeça e presenteou com ele sua esposa Oyá, dizendo à ela:
"Oyá, iyawo mi, akoro mi lonoon."( Oyá, minha esposa, use meu akoro na rua).
E a partir de então, Oyá teve o direito de usar um akoro de metal na cabeça, direito este que conserva até hoje, na velha Mãe África e no novo mundo, sendo a única ayaba que pode fazê-lo, uma vez que seu marido Ògún Alakoro ( o dono do akoro), a autorizou a isto.
Oyá ficou conhecida então como "aquela que usa akoro na rua", "aquela que faz Egungun dançar com a música da forja", "a Mãe que dança com o filho toda a noite sem se cansar", "a poderosa Mãe que conseguiu cansar Egungun", "mulher de Orixá Ògún que recebeu dele o akoro e com ele divide os poderes sobre a forja", "a que tem akoro e o usa na rua, sem que seu dinheiro tenha sido gasto para isso".
oloje iku ike obarainan

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