sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O QUE É REALMENTE UM EGBONMY?

Muitos são os mitos e falácias relacionados ao ser Egbonmy no Candomblé. Muitos são os Òmo Òrisá que desejam sê-lo sem nem mesmo compreender o que isto significa ou o que acarreta na vida de um filho do Candomblé.

Em nossas Casas de Àsé ouve-se comumente: "Quando eu for egbonmy..." E aí vêm os sonhos. Na maioria das vezes, sonhos de grandeza. A priori, devemos salientar que ser religioso é servir à Òlòdúmare, nossa Divindade Maior. Servir à Deus, significa - antes de tudo - ser humilde pois aquele que se eleva ofusca a luz Daquele que é Verdadeiramente Grande: Deus. Assim sendo, ser Egbonmy, não significa ser maior, nem melhor. Significa ser mais velho.

Quando nos tornamos Egbonmys? Quando "arriamos" nossa obrigação de sete anos. Somente e exclusivamente depois disso. Não há casos diversos nem exceções. Ninguém é Egbonmy antes de dar seus sete anos. Antes disso, todos somos Iyawós. Assim sendo, em condição "sine qua non", não há ninguém que possa ser considerado egbonmy sem ter concluído seu tempo de noviciado que dura sete anos.

Há que se salientar que ser egbonmy, ter dado seus sete anos, não significa ter seus direitos de sacerdócio. O sacerdócio no Candomblé nunca pode ser outorgado à alguém antes dos sete anos, entretanto, não significa que dar sete anos faz de alguém babalòrisá ou Iyálòrisá. Os termos anteriores, babalòrisá ou Iyálòrisá, são próprios à quem tem seus filhos iniciados e uma Casa de Àsé fundada. Só é sacerdote quem recebeu este direito de um mais velho, quem iniciou seus primeiros Iyawòs, quem abriu uma Casa de Àsé.

Como se abre uma Casa de Àsé? Primeiramente, a pessoa tem que possuir uma propriedade para fundá-lo. Nunca, irrefutavelmente, alguém pode abrir uma Casa de Àsé em área alugada, cedida, emprestada. Uma vez sendo um Ilè Àsé, uma propriedade nunca mais poderá deixar de sê-lo. Assim sendo, o terreno, a propriedade, tem que estar em uma condição de posse legal, devidamente registrada por escritura lavrada em cartório, para não se correr o risco de que este Àsé venha a ser desapropriado e com isso, os Òrisás sejam despejados ou fiquem sem sua propriedade de direito. A Casa de Àsé é de propriedade do Òrisá e nunca poderá deixar de sê-lo. Assim, não será usada após a fundação para outros fins, quaisquer que sejam.

Concluindo, não existe Egbonmy sem ter dado seus sete anos e nem babalòrisá ou Iyàlòrisá sem Casa de Àsé aberta e filhos iniciados nesta, por suas mãos. Cada um tem sua missão, seu dever e seu lugar. Deve honrá-lo respeitando sua etapa com amor e dedicação, revestido da mais sincera humildade. Importa que somos iniciados no Culto Òrisá e não qual cargo galgamos. Ser de Àsé é ser religioso a serviço do Bem maior: Òlòdúmare e os Òrisás e não a nós mesmos ou nossa vaidade.
oloje iku ike obarainan

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