sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O culto á Erinlé

O culto de Erínlè nasce no Odu de Òkànràn / Ogbè. Seu culto está centrado ao redor do rio Erínlè, 
um rio tributário do rio Òsun, que atravessa a cidade de Ìlobùú (Ilú Òbú ou cidade de Òbú), 
localizada ao sul da Nigéria Ocidental, na estrada de Ogbomoso para Osogbo (está situada 
aproximadamente dez milhas a oeste de Osogbo). Ele é a divindade patrona de Ìlobùú. Ìlobùú é um
centro de comércio para o inhame, milho, mandioca, óleo de dendê, abóbora, feijão, quiabo e está
em uma área de savana habitada principalmente pelos Yoruba. Òbú é um tipo de giz nativo (efun) e
é comestível. É usado para temperar comida e era um dos temperos principais, muito antes do sal,
da mesma forma que o aró-àbàje (uma tintura azul comestível) é usado para temperar comidas
como o ekuru aró. Tido como filho de Ainá, Erínlè é considerado por muitos como filho mítico de
Yemoja .É um Òrìsà caçador, pescador e um médico, por conta do seu grande conhecimento da
floresta e da flora. Este Òrìsà, enquanto médico dominou, antes que Osányìn, o poder da botânica.
Não é incomum para os sacerdotes de Erínlè carregarem um cajado (òsù) semelhante ao que
carregam os sacerdotes de Osányìn e de Ifá devido a importância deles como curandeiros
medicinais. Sabe-se que ele conhece o poder curativo do Eja aro. Essa medicina nasce em
Òkànràn Òfún. O peixe seco (eja aro) é conhecido em Nupeland e isso é revelado pelo caminho de
Òkànrànsodè descrito abaixo e na conexão entre Erínlè e o exilado rei da Nupeland. Há muitas
variações no nome pelo qual Erínlè é conhecido. Assim, ele é comumente conhecido como Erínlè
dentro de Egbado, Erínlè em Ìlobùú, Enlè em Okuku. Em Cuba e Trinidad ele é conhecido como Inlè
ou Erínlè "Ajaja". Ajaja é um título honorífico que significa "Ele que come cachorro", "o que é feroz".
Erínlè quer dizer elefante (Erin) em-o-terra (ilè) ou terra-elefante. Erínlè é considerado por alguns
como uma divindade hermafrodita, mas ele é adorado principalmente como uma divindade
masculina em Yorùbáland. Ele é pensado por alguns estudiosos como sendo o aspecto masculino
de Yemoja Mojelewu. O que parece consenso é que Erínlè mora na floresta com os irmãos
Osányìn, Ògún e Òsóòsì, no cultivo com Òrìsà Oko, nas águas com Yemoja, Otin e Òsun. A
residência verdadeira dele seria o ponto onde o rio encontra o oceano, onde docemente se
misturam as águas doce e salgada. No Candomblé Ketu é considerado que Erínlè tem dois
caminhos ou aspectos. Um aspecto é considerado um velho caçador, Òsóòsì Ibualama. O outro
caminho é mais jovem e mais delicado e bonito, normalmente chamado Inlè. Na tradição Do Ekiti
Efón, Erínlè é acompanhado por Ibojuto e Abátàn. Abátàn (ou Abàtà = pântano) é a divindade da
baixada. Abátàn normalmente é considerado como a companheira feminina de Erínlè mas alguns
reconhecem Abátàn como masculino. Quando Erínlè é assentado dentro da cerimônia de iniciação,
Abátàn também é assentada. Ela tem canções e oríkì separados. Abátàn come com Erínlè e
participa de todas as suas oferendas e sacrifícios. Erínlè seria acompanhado por Abátàn, sua
contraparte feminina. Duas divindades que se unem como um, embora distintos, eles funcionam
juntos, como uma unidade. Há um equilíbrio, dando uma visão instantânea do caráter de Erínlè,
uma mistura perfeita de energias masculina e feminina. Além disso, na tradição Efón, considera-se
que a familia de Erínlè se compõe de: Abátàn - sua esposa, Boyuto - guardião de Erínlè e Abátàn,
Otin - filha de Erínlè e Abátàn, Jobia - filho de Asipelu, ajudante de Erínlè, Olóògùn Èdè (Lògùn Èdè),
o "senhor" (dono) do medicamento (medicina) de Èdè - filho de Erínlè com Osun, e, por último, Asao
- duplo de Erínlè. Na Nigéria, Erínlè tem muitas manifestações ou caminhos, conhecidos como ibú:
Ojútù, Álamo, Owáálá, Abátàn, Ìyámòkín, Àánú. É o oríkì de cada ibú que distingue entre os
caminhos diferentes ou manifestações de Erínlè, como um se apresentando na sua coragem, outro
como um caçador, outro ainda no poder presente na profundidade do rio. São cantados oríkì
individuais a Erínlè no seu festival anual da mesma forma como também são invocados
coletivamente. O awo - ota - Erínlè ou otun Erínlè, é o nome dos recipientes usados dentro do culto
de Erínlè (em Okeho é adicionalmente conhecido como aawe - Erínlè, onde tem uma forma
totalmente diferente das encontradas em Ìlobùú e na maior parte da Yorùbáland). Potes fechados
que guardam pedras e água são predominantemente associadas com divindades fluviais
femininas, como aqueles encontrados nos cultos de Yemoja e Òsun. O awo (segredo) - ota - Erínlè
é o recipiente tradicional para guardar os ota de Erínlè. Sacerdotes de Erínlè dançam em procissão
como parte do festival anual de Erínlè em muitas partes de Nigéria. Para o festival, sacerdotes
trazem com eles o próprio awo - ota - Erínlè para o festival no rio de Ìlobùú. Quando a possessão
acontece, Erínlè dança com o awo - ota - Erínlè colocado no alto da cabeça. O òpá òrèrè (osu/cajado
com o pássaro de ferro) de Erínlè é a representação para os seus seguidores da importância de
Erínlè como curandeiro. A divindade mais amplamente conhecida com o mesmo símbolo é
Osányìn. O cajado é feito de ferro. Sempre é mantido em pé. Pássaros de ferro empoleiram-se no
topo. A maioria dos exemplos mostra um grande pássaro central cercado por pássaros menores.
Não há diferenças significativas entre os cajados de Erínlè e de Osányìn encontrados na Nigéria,
cada cajado é uma peça autorizada e única e assim os estilos variam imensamente. Porém há dois
desenhos comuns do cajado de Osányìn feitos dentro da perspectiva dos awo em Yorùbáland. É
comum se ver um cajado relativamente curto com um grande pássaro em seu topo e com 16
pássaros menores, em um arranjo circular, que olham para o pássaro mais alto, central. Lá
também pode ser encontrado um òpá/osu Osányìn alto, com um só e único pássaro e quatro cones
de metal invertidos, as aberturas deles coberta por disco de metal para guardar medicamentos;
seguro levemente na parte mais baixa do cajado (este cajado também é encontrado na tradição
Lukumi, sua especificação é considerada um requisito de Odù). Deve ser acentuado que os
cajados de Erínlè e Osányìn nas terras Yorùbá são encontrados em muitas variações no número de
pássaros, formas e estilos. Foi sugerido que os 16 pássaros menores representam a divindade
Odù e os Olódù de adivinhação. As curvas graciosas destes pássaros estáticos também podem
ser confundidas com um agrupamento permanente de folhas de metal. Tais folhas, que não
morrem, são uma lembrança visual forte para Osányìn e os medicamentos de Erínlè! O pássaro de
coroamento é, segundo muitos, um símbolo do poder sobre/pacto de Osányìn e Erínlè com as
Ìyáàmi. São os medicamentos herbários de Erínlè e Osányìn que podem neutralizar ou contrapor-se
aos ataques pelos aspectos negativos de Ìyáàmi. Eleye significa "mulheres que possuem e são
pássaros", sendo os pássaros os mensageiros de Àjé/Ìyáàmi. Estes mensageiros também podem
ser vistos em muito da estatuária religiosa e do simbolismo real, como por exemplo, no alto da
coroa dos Oba. Ìyáàmi é em essência o àse/awo feminino primordial, que pode ser potencialmente
benéfico ou maléfico (em condições judiciosas). Os símbolos de pássaro lembram aos líderes e
congregações que ninguém está acima das forças invisíveis que precisam ser apaziguadas. As
Ìyáàmi representam a gênese, as guardiãs e as doadoras do àse na terra. Boyuto ou Ibojuto é
encontrado em todos os santuários Lukumi para Erínlè. É descendente do òpá Erínlè encontrado
entre os Yorùbá. Boyuto leva seu nome de uma das qualidades ou caminhos de Erínlè. Esta
qualidade de Erínlè está ligada a profundidade impressiva do rio Erínlè. É dito que nesta
profundidade é encontrado o reino mítico de Erínlè, chamado Ode Kobaye. "Esta profundidade
escura do redemoinho é chamado Ojuto. Acredita-se assim, profundamente, que as duas casas
históricas (ilé pètésì) teriam sido tragadas para cima (emergido) dentro das correntes coloridas de
índigo. Do fundo do ibu Ojuto, assim é acreditado, bandos (escoltas) de pombos voam para acima
das águas e desaparecem no ar." (Baba Erínlè de Ìlobùú falando com R. F.Thompson no local do
rio Erínlè, em Ìlobùú, 1994). Boyuto ou Ibojuto é também conhecido comumente como o osu de
Erínlè.

Erinlé o caçador das grandes caças....

Havia um caçador chamado Erinlé, o grande caçador de elefantes. Um dia uma mulher
passava perto de um rio e ali perto, junto ao bosque, avistou o caçador. Ele pediu a ela que lhe
desse água para beber, a mulher entrou no rio até a altura dos joelhos e, quando se inclinou para
apanhar água, ouviu de Erinlé a ordem de que entrasse mais fundo. Mais fundo no rio entrou a
mulher, mas percebendo que o rio ia afogá-la, saiu imediatamente da água, com medo de ser
morta. Ela ouviu então a voz do caçador, que era o próprio rio, reclamando que ela não trazia
oferenda alguma, ela queria recolher sua água, mas nada lhe dava em troca. Ninguém pode entrar
no rio profundo sem trazer presentes, tempos depois, quando Erinlé foi cultuado como orixá, seus
seguidores o chamaram de Ibualama, que quer dizer "Água Profunda".

Òkànràn Ogbè - O nascimento do culto de Erínlè - Um Itan do Odu Òkànràn Ogbè conta a
história de um homem Nùpe (Tápà) com o nome de Àyònù que veio para a região de Ìlobùú. Ele era
o herdeiro da coroa em sua terra natal porém devido a algumas manobras políticas o título lhe foi
usurpado e ele foi forçado a fugir da cidade - ele teria sido morto para destruir a possibilidade de
qualquer reivindicação futura à coroa. Àyònù veio para Ìlobùú para caçar e ajudar a um caçador
nativo que tinha uma estranha aparência. O amigo percebeu que Àyònù, embora mostrando-se apto
nas habilidades da caça e agudo em aprender todos os segredos possíveis, não vivia sua vida
conforme um caçador. Àyònù contou sua história para o amigo caçador. O amigo era Erínlè mas ele
não o conhecia pelo nome porque os caçadores não mencionam nomes no mato para não serem
afetados por nenhum dos espíritos animais. Caçadores referem-se uns aos outros simplesmente
como Àwé. Erínlè, por seu turno, contou para Àyònù sobre sua casa, um palácio que ele tinha
embaixo da terra. Ele golpeou o chão com a palma de sua mão, a terra abriu-se e os dois
desceram para o palácio subterrâneo. Erínlè tinha estado caçando por um longo tempo e, assim,
ele decidiu fazer um pacto com Àyònù. Erínlè prometeu para Àyònù um nova coroa para
recompensá-lo pelo título que ele havia perdido em sua terra natal. Ele disse para Àyònù que, por
tanto tempo quanto ele continuasse a lhe trazer comida de caça, ele o compensaria com um título
novo. Erínlè também prometeu que a guerra nunca afetaria o reino dele. Erínlè e Àyònù
consolidaram seu pacto e Erínlè retirou-se para seu palácio na terra. Ele disse para Àyònù que se
ele precisasse dele novamente deveria chamá-lo golpeando a terra com a palma da sua mão.
Àyònù nunca mais viu seu amigo novamente. Àyònù construiu sua casa lá e logo outros caçadores
vieram viver com ele, seguidos por fazendeiros. Uma cidade tinha sido estabelecida e eles
consultaram Ifá. Os adivinhos lançaram Òkànràn Ogbè e Òrúnmìlà disse: ire! Desde esta época a
cidade de Ìlobùú nunca foi invadida ou afligida por guerra, mesmo durante o tumultuoso século
dezenove, marcado por muitos anos de conflitos civis na Yorùbáland.

Erinlé e Opaoka

Os mitos Yorùbá, nos revela que esta Ìyágba, também conhecida como Ìyá Nbanba, Ìyá Mo, Ìyá Òdé
,entre tantos outros epítetos, vivia juntamente com outras duas irmãs, Ìyá Mepere e Ìyá Bokolo, muito
antes da fundação da cidade de Ketu, em uma cova situada abaixo do Òpó méta, três robustos
troncos de mogno-da-guiné (1), conhecido em Yorùbá com o nome de Ògànwó.

As três irmãs selaram um pacto de nunca dar o nascimento a uma criança neste mundo, porém, Ìyá
Apáòka não cumpre o prometido e juntamente com Òrìsà Oko dá a luz a um menino que mais tarde
recebe o nome de Erinlè. Inlè como também é conhecido, funda a Cidade de Ìlobùú (2), entre outras
obras na Terra, retorna ao orun e regressa novamente ao àiyé no mesmo seio familiar, onde desta
vez recebe o nome de Òdé . Este é um dos grandes segredos da ligação entre Inle e Òdé. Aquele
que possui Inlè, deverá ter como complemento Òdé, mas não necessáriamente o inverso ...

É muito importante que o iniciado a Erinlé tenha também o ojubó(assentamento de Apá Oká que
todos Ilê Asé tem e Orisá Okô que por sinal é seu pai e mãe..
Erinlé rei dos Odés.Orisa muito cultuado nas terras de Ekiti Efón.Caçador como Ososi, porem diferentes.
oloje iku ike obarainan

Nenhum comentário:

Postar um comentário