quinta-feira, 3 de outubro de 2013



JEJE A CULTURA AFRO-BRASILEIRA


A cultura Jeje vinda do Antigo Dahomé, que antes abrangia o Togo e fazia fronteira com o país de Gana é, sem dúvida, uma das maiores contribuições culturais deixada pelos negros fons no Brasil.
Estes povos Adjejes, como eram chamados pelos yorubás, estabeleceram fundamentos nos seguintes lugares: Cachoeira de São Félix, na Bahia; Recife, em Pernambuco e São Luís, no Maranhão. Houve durante um período uma influência da cultura yorubá, daí essa mistura passar a ser chamada de: Cultura Jeje-Nagô. Essa mistura, como expliquei, adveio principalmente dos yorubás com várias tribos Jejes. Dentre elas destacaram-se: tribo Gan, Fanti, Axanti, Mina e Mahin. Estes últimos, ou mahins, tiveram maior destaque sobre as demais culturas Jeje, no Brasil.
Estes negros falavam o dialeto ewe que, por ser marcante, influenciou por demais a cultura yorubá e também a cultura bantu. Como exemplo, cito os nomes que compõem um barco de yawo: Dofono, Dofonitin, Fomo, Fomutin, Gamu, Gamutin e Vimu, Vimutin.
Outras palavras Jeje foram incorporadas não só na cultura afro-brasileira como também no nosso dia-a-dia, como por exemplo: Acassá, "faca" que no original ewe é escrita com "K" ao invés de "C". Outra palavra Jeje que ficou no nosso cotidiano foi a palavra "tijolo" que em ewe é Tijoló.

A TRADIÇÃO JEJE: 
O VODUN JEJE SOGBÔ E A PROVA DE ZO
A tradição dos povos fons que aqui no Brasil foram chamados de Adjeje ou Jeje pelos yorubás, requer um longo confinamento quando na época de iniciação. Essa tradição Jeje exigia de 06 (seis) meses ou até 01 (um) ano de reclusão, de modo que o novo vodun-se aprendesse as tradições dos voduns: como cultuá-los, manter os espaços sagrados, cuidar das árvores, saber dançar, cantar, preparar as comidas e um artesanato básico necessário a implementos materiais dos diferentes assentos, ferramentas e símbolos necessários ao culto.
Para os povos Jeje, os voduns são serpentes que tem origem no fogo, na água, na terra, no ar e ainda tem origem na vida e na morte. Portanto, a divindade patrona desse culto é Dan ou a "Serpente Sagrada".
Como disse, para o povo Jeje os Voduns são serpentes sagradas e sendo as matas, os rios, as florestas o habitat natural das cobras e dos próprios voduns. O ritual Jeje depende de muito verde, grandes árvores pois muitos voduns tem seus assentos nos pés destas árvores.
Outra particulariedade deste culto é de que quando as vodun-ses estão em transe ou incorporadas com seu vodun: os olhos permanecem abertos, ou seja, os voduns Jeje abrem os olhos, diferente dos orixás dos yorubás, que mantem os olhos sempre fechados.
É comum no culto Jeje provar o poder dos Voduns quando estes estão incorporados em seus iniciados. Uma destas provas é a prova chamada Prova do Zô ou Prova do Fogo do vodun Sogbô, que governa as larvas vulcânicas e é irmão de Badé e Acorombé, que comandam os raios e trovões.
A seguir, descrevo uma Prova do Zô feita com uma vodun-se feita para Sogbô, um vodun que assemelha-se ao Xangô do Yorubás:
Num determinado momento entra no salão uma panela de barro, fumegante, exalando cheiro forte de dendê borbulhante, contendo dentro alguns pedaços de ave sacrificada para o vodun. Sogbô adentra o salão com fúria de um raio, os olhos bem abertos (que como expliquei é costume dos voduns) e tomando a iniciativa vai até a panela, onde mergulha as mãos por algum tempo. Em seguida, exibe para todos os pedaços da ave. É um momento de profunda emoção gerando grande comoção por parte dos outros iniciados que respondem aquele ato entrando em estado de transe com seus voduns.

 NANÃ







Nanã Buruku ou Buku é considerada a mais antiga das divindades. Muito cultuada na África em regiões como: Daça Zumê, Abomey, Dumê, Cheti, Bodé, Lubá, Banté, Djabalá, Pesi e muitas outras regiões.
Para os fons e ewes, a palavra Nanã ou Nàná é empregada para se chamar de mãe as mulheres idosas e respeitáveis, ou seja, a palavra Nanã significa: "Respeitável Senhora".
Nanã está associada à terra, à água e à lama. Os pântanos e as águas lodosas são o seu domínio.
Como relatei no começo, é a mais antiga das divindades, pois representa a memória ancestral. Mãe de Loko ou Irokô, Omolu e Oxumare ou Becém na dinastia Fon, Nanã está ligada ao mistério da vida e da morte. É a senhora da sabedoria, mais velha que o ferro. Daí, não usar lâminas em seu culto.
 
BECÉM
O culto à serpente remonta desde o início dos séculos. Os romanos e os gregos já prestavam culto à cobra, sendo os povos que mais difundiram em séculos passados este culto.
No Egito, a serpente era venerada e encarregada de proteger locais e moradias. Cleópatra era uma sacerdotisa do culto à serpente. Todos os seus pertences e adornos eram em formatos de cobras e similares. Este culto correu através do Rio Nilo as diversas regiões africanas.
No Antigo Dahomé, este culto se intensificou e lá Dan, como é chamada a Serpente Sagrada, transformou-se no maior símbolo de culto daquele povo, também sendo chamado pelo nome de vodun-becém. Já os yorubás chamaram esta mesma entidade de Oxumare ou a Cobra Arco-íris; e os negros Bantos, de Angôro.
Na verdade, aí falamos de uma só divindade com vários nomes dependendo da região em que é cultuada.
Mas, Oxumare, como é mais popularmente conhecido no Brasil, é o Orixá que determina o movimento contínuo, simbolizado pela serpente que morde a própria cauda e enrola-se em volta da terra para impedí-la de se desgovernar. Se Oxumare perder-se a força, a Terra vagaria solta pelo espaço em uma rota a seguir, sendo o fim do nosso Planeta.
É o orixá da riqueza, um dos benefícios mais apreciados não só pelos yorubás como por todos os povos da terra.
Arró-bo-boí!

OFERENDA À BECÉM PARA PROSPERIDADE
Em tempos difíceis, um dos voduns que não pode deixar de ser cultuado é Becém, pois este vodun é o Deus do movimento. Na nação de Ketu, este vodun é assimilado ao Orixá Oxumarê.
Os ingredientes necessários para a comida ou oferenda à Becém, para prosperidade são:

*01 travessa média de barro
*300g de batata doce
*½ k de canjica
*14 moedas correntes
*14 folhas de louro
*14 búzios abertos
*01 colher de açúcar cristal

Como fazer:
*Cozinhar bem a canjica e colocá-la na travessa
*Cozinhar as batatas doces, retirar as cascas e amassá-las bem. Modelar duas cobras de batata doce e colocá-las em cima desta canjica
*Enfiar as folhas de louro nos cantos, em volta da canjica. (Observação: para cada folha, uma moeda e um búzio aberto até completar as 14 folhas, 14 moedas e 14 búzios)
*Espalhar o açúcar cristal por cima de toda esta oferenda e oferecê-la à Becém, em baixo de uma árvore bonita e frondosa com 14 velas em volta, acesas.
Certamente, Sr Acolo Becém irá trazer muita prosperidade para vocês!

AJOIÉ E EKEDI
A palavra "ajoié" é correspondente feminino de ogan pois, a palavra ekedi, ou ekejí, vem do dialeto ewe, falado pelos negros fons ou Jeje.
Portanto, o correspondente yorubá de ekedi é ajoié, onde a palavra ajoié significa "mãe que o orixá escolheu e confirmou".
Assim como os demais oloyés, uma ajoié tem o direito a uma cadeira no barracão. Deve ser sempre chamada de "mãe", por todos os componentes da casa de orixá, devendo-se trocar com ela pedidos de bençãos. Os comportamentos determinados para os ogans devem ser seguidos pelas ajoiés.
Em dias de festa, uma ajoié deverá vestir-se com seus trajes rituais, seus fios de contas, um ojá na cabeça e trazendo no ombro sua inseparável toalha, sua principal ferramenta de trabalho no barracão e também símbolo do óyé, ou cargo que ocupa.
A toalha de uma ajoié destina-se, entre outras coisas, a enxugar o rosto dos omo-orixás manifestados. Uma ajoié ainda é responsável pela arrumação e organização das roupas que vestirão os omo-orixás nos dias de festas, como também, pelos ojás que enfeitarão várias partes do barracão nestes dias.
Mas, a tarefa de uma ajoié não se restringe apenas a cuidar dos orixás, roupas e outras coisas. Uma ajoié também é porta-voz do orixá em terra. É ela que em muitas das vezes transmite ao Babalorixá ou Yalorixá o recado deixado pelo próprio orixá da casa.
No Candomblé do Engenho Velho ou Casa Branca, as ajoiés são chamadas de ekedis. No Gantois, de "Iyárobá". Já na Nação de Angola, é chamada de "makota de angúzo". Mas, como relatei anteriormente, "ekedi" é nome de origem Jeje mas, que se popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil, seja qual for a Nação.

OS ODÙS NA CULTURA JEJE JEJE
Um Babalawo, ou Pai dos segredos (awô) é muito respeitado pela cultura yorubá.
O Babalawo, como o nome diz, é o conhecedor de todos os mistérios e segredos no culto à Orunmilá, sendo portanto sacerdote de ifá. Somente o Babalawo pode manipular o Rosário de ifá que em yorubá recebe o nome de opele-ifá e em ewe, língua da cultura fon ou Jeje tem o nome de agú-magá. Ainda na cultura Jeje, ifá é chamado de Vodun-fá ou Deus do destino e o Babalawo é denominado de Bokunó. Mas, nas duas culturas, tanto o Babalawo dos yorubás quanto o Bokunó dos fons precisam de uma divindade que interprete as caídas do jogo à ifá.
Quem seria essa divindade? Para os yorubás, essa divindade que auxilia o Babalawo a interpretar as caídas do jogo-a-ifá tem o nome de Exu e para os ewes ou fons da cultura Jeje essa mesma divindade é chamada de Legba, que em ewe significa: "Divino esperto".
Como podemos observar, nas duas culturas o culto à ifá é uma constante na vida destes povos, pois tanto na Nigéria como no antigo Dahomé, o destino individual ou coletivo é motivo de muita atenção(Destino que em yorubá se chama odù e em ewe-fon, aírun-ê), pois os povos Jejes também cultuavam os odùs ou aírun-ê.
Abaixo, encontram-se divulgados alguns nomes dos odùs, em ewe-fon:
*ogudá ou obéogunda em yorubá
*lossô ou yorossun em yorubá
*ruolin ou warin em yorubá
*sá ou ossá em yorubá
Cargos
Doté é o sacerdote, cargo ilustre do filho de Sogbô
Doné é a sacerdotisa, cargo feminino, esse título é usado no Terreiro do Bogum onde também são usados os títulosGaiaku e Mejitó. similar à Iyalorixá
Os vodunsis da família de Dan são chamados de Megitó, enquanto que da família de Kaviungo, do sexo masculino, são chamados de Doté; e do sexo feminino, de Doné
No Jeje-Mina Casa das Minas
  1. Toivoduno
  2. Noche
  • Gaiaku, cargo exclusivamente feminino
  • Ekede
Os cargos de Ogan na nação Jeje são assim classificados: Pejigan que é o primeiro Ogan da casa Jeje. A palavra Pejigan quer dizer “Senhor que zela pelo altar sagrado”, porque Peji = "altar sagrado" e Gan = "senhor". O segundo é o Runtó que é o tocador do atabaque Run, porque na verdade os atabaques RunRunpi e  são Jeje.


Uma característica existencial do homem desde o despertar de sua consciência é a religiosidade que brota a partir do limite que cede a ascensão necessária ao transcendente,não sendo limitado a um culto ou a um veículo estabelecido todos os homens são religiosos de alguma forma,mesmo que uns sejam mais do que outros.A religião de cada homem deve muito ás culturas das quais eles são essências. No caso do Benin,é evidente que encontraremos algumas divergências no fenômeno Vodum. A maior parte do povo beninense têm as raízes culturais muito semelhantes e praticamente a mesma origem histórica,por essas razões nessa região dos fons a religiosidade é manifestada totalmente em Vodum,mesmo para aqueles que se converteram a outras religiões.
Vodum é adorado e venerado como divindade. Isso também define o todo social o psicológico,e está em torno da estrutura sobrenatural deste tipo popular de religiosidade.Na verdade o Vodum está no todo. Antes da chegada de outras religiões no Benin, principalmente o cristianismo,todas as famílias faziam parte do culto Vodum.Quando esses missionários chegaram,tentaram converter a população alegando que Vodum era demônio. Encontram muita resistência por parte dos fons que tinham e têm raízes profundas no culto de seus ancestrais. Vejamos agora uma breve explanação sobre no que consiste o Vodum e seus objetivos. Mawu,o Deus Supremo A cultura do sul do Benin,representada pelos Fons,Gun,Mina e Ewe é considerada por uma mesma concepção de divindades. A convicção na existência de um Deus superior é geral,este Deus,conhecido como um Ser Supremo Transcendente,é chamado de Mawu,Ele criou tudo. Este Deus já existia entre esse povo muito antes da chegada das grandes religiões monoteístas (Cristianismo, Islamismo) Para os Fon,este Deus Mawu também éconhecido como: Dada Segbô,Sêmêdô ou Gbedoto dependendo a que obra de Mawu a pessoa esta se referindo. Dada Segbo - enfatizando a criação do mundo. Sêmêdô - enfatizando o princípio da existência. Gbedoto - enfatizando o princípio da vida. Mas,se não há nenhuma dúvida acerca do Deus Supremo Mawu na mentalidade desses povos, então de onde vem esta prática de Vodum?Responder esta pergunta significa mostrar a relação existente entre Mawu e Vodum.
Mawu e Vodum Mawu é considerado o grande Deus supremo pelos fons e sendo assim não deve ser incomodado a toda hora com os problemas pessoais. Os fons acreditam que o ser humano não pode alcançá-lo se não for através dos Voduns. Para o povo do Benin Mawu delegou sua força/ energia aos Voduns para que esses tomassem conta dos homens e os ajudassem. Vodum é identificado como uma criatura de Mawu de acordo com a expressão “Mawu wê do Vodu lê”(os representantes de Mawu estão entre os homens para atender suas necessidades) Vodum representa tudo que é sagrado e toda asenergias que vêem do mundo invisível para influências o mundo dos vivos. Os Voduns recebem cultos devido à sua proximidade com os homens. Qualidades divinas são atribuídas a eles, caracterizados por serem espíritos que estão acima de todas as leis naturais. Não existe um culto específico para Mawu,a não ser orações e referências espontâneas como: “Mawu na blô”(Deus ajudará, Deus te ajude),“Kpê Mawu ton” (Deus pode tudo) que são utilizadas em diversas ocasiões. Vejamos os setes primeiros Voduns que Mawu enviou a terra: Sakpata - É o filho mais velho de Mawu,a quem a terra foi confiada,AyiVodum (Vodum da terra). Sua energia é temida, seus atributos são a varíola e as manchas brancas e vermelhas na pele.Sakpata tem muitos filhos,incluindo AdaTangni Vodum da lepra) e Sinji Aglosumato( Vodum das chagas incuráveis).
Xevioso(ou Hevioso/Xebioso) - Este é o JiVodum(Vodum do céu)que se manifesta como trovão e relâmpago. É o segundo filho de Mawu,considerado o Vodum da justiça,que castiga ladrões,mentirosos e criminosos. Xevioso tem vários filhos,incluindo Aklobé e Aveheketi.Seus atributos são:o raio,o machado duplo o carneiro a cor vermelha e o fogo. Agbe - Este é ToVodum (Vodum das águas) É representado por uma serpente símbolo de tudo que dá vida.Entre seus filhos está Dan Toxosu,que representa e protege os deficientes físicos e mentais. Gu - É o Vodum do ferro e da guerra,que dá ao homem a sua tecnologia.Ele não aceita a cumplicidade com o mal.Por conseguinte é capaz de destruir todos os culpados por atos infames e criminosos.Esta personalidade de Gu é expressa pelos Fons como “da Gu do”(Gu castiga,Gu mata). Age - Quinto filho de Mawu.É o Vodum da agricultura e das florestas.Reina sobre osanimais e pássaros. Djo - É o Vodum responsável pelo ar. Legba - O filho mais novo de Mawu,o sétimo. Não ganhou nenhuma atribuição na terra,como os irmãos,por ser extremamente ciumento e cometer atos que prejudicavam os irmãos e os homens. Recebeu de Mawu a guarda do portal entre os dois mundos;o dos homens e o de Mawu, ele passou a ser o mensageiro entre os irmãos,os homens e Mawu.Ele é tudo aquilo que está além do bem e do mal. Ao lado dos filhos de Mawu se encontram Voduns protetores de clãs.Estes são os Toxwyo(antepassados divinizados) Cabe a estes manterem o vínculo entre o mundo invisível e a vida diária dos que vivem no mundo visível. De acordo com o que foi apresentado acima, podemos classificar os Voduns como: Interétnico - Voduns associados à natureza: JiVodum,AyiVodum e ToVodum. Interétnico - Voduns associados às histórias místicas:Leba e Gu. Étnico-AkoVodum - Os Voduns ancestrais divinizados: Toxwyo,Agasu e outros. GoroVodum - São Voduns mais modernos cultuados principalmente em Ghana. Eles protegem contra feitiçarias:Kokun,o Vodum das forças misteriosas e violentas é um deles. Após estas investigações, parece ser importante uma pergunta:então o que é Vodum exatamente? Pode ser dito que Vodum constitui uma classe especial de criaturas de Mawu, vivendo entre os homens. Ele está acima da humanidade,mas não é “Deus”. As expressões Fon definem: “Vodum gongon, Vodum d’ablu” (Vodum é mistério, Vodum é segredo)É por isso que Mgr. Robert Sastre disse: “devemos nos referir ao contexto social e cultural que invoca Vodum a fim de aprender o que realmente é Vodum”. Dentro do que foi dito acima, surgem algumas questões: Quais as práticas ou implicações que ilustram suas manifestações? Vodum pode ser assimilado como fetichismo ou até mesmo naturalismo? Que relação estabelece entre o indivíduo iniciado em seu culto e o seu todo cósmico, social e ambiente espiritual? Estes podem ser naturalismo, fetichismo, expressões e manifestações animistas,mas a visão básica é o argumento do naturalismo e fetichismo Vodum ligado a alguns epifenômenos em sua prática. Vodum está relacionado a diversos elementos do universo e a objetos materiais nos cultos de devoção,onde são retratados e sacrifícios lhes são oferecidos (montículos de terra,barras de metais,árvores,pedras etc) Isso nos impele a outras perguntas:Vodum é uma pessoa?Ele está no mesmo patamar que o homem?Ou está acima ou abaixo dele? A resposta a estas questões podia ser aquela em que Vodum é a estrutura ética e religiosa que estabelece uma sociedade,mas esta seria uma visão limitada de Vodum. Certas pessoas erroneamente igualam Vodum a Fetiche. Realmente, alguns vêem o culto do Vodum como uma idolatria primitiva de objetos materiais ou como um culto de matéria,sem se importarem com sua rica funcionalidade que ilustraremos abaixo. Alem disso, convém notar que estas visões erradas devem- se às abordagem etnológicas do fenômeno de Vodum que se abstém à sua função apenas física, cósmica e social na mediação religiosa.

É verdade que“Me we no ylo do Vodu b’e non nyin Vodu”(não é porque o homem o chama Vodum que é Vodum)mas por ver nele forças geradas pela interação complexa de sentido, intenções,gestos e palavras ditas. Está além de uma questão de suporte antropológico o qual coloca Vodum num sistema simbólico onde deve ser a sua performance a mediação necessária do físico e,em sendo assim,da matéria em geral.Deste modo seria mais correto traduzir“Me we no ylo do Vodu b’e non nyin Vodu” como: Uma atitude pessoal de identificação e aceitação do sagrado com o símbolo. Vodum evoca o mistério e tudo que se refere ao divino.Desta maneira,a suspeita é retirada pelo menos no que diz respeito à essência ainda que permaneça nas manifestações um tanto que desviadas do fenômeno Vodum.E a globalização dasrelações de que Vodum é um símbolo é ainda uma outra prova disto. A palavra“Gbe”que significa“a vida” significa igualmente “O Universo” E é este segundo significado que focalizamos aqui.O universo criado no seu desenvolvimento cósmico não é estranho ao desenvolvimento de Vodum. Nas expressões concretas do universo há um Vodum da terra Sakpata)um Vodum do céu (Xevioso)um Vodum da águas(Agbe)e Voduns que representam os antepassados (Toxwyo como vimos. Na verdade, todos os elementos do universo são implicados no fenômeno Vodum. Não é o que a mentalidade da imaginação do sul do Benin concebe de uma cosmogênese de Vodum: Vodum não é o gerador nem o criador do universo,mas seu elo com tudo da natureza,é uma mediação e a proteção do homem. Com efeito,a sua relação com“Gbe”encontra apenas o seu significado pela sua relação com o“Gbeto”(o homem). Vodum e o Homem A religiosidade se manifesta num homem através do fenômeno Vodum,a motivação para que ele faça e use símbolos que representem seu Vodum.Além disso os homens dizem que Vodum é um mistério,é o inefável quando se concentram nos elementos naturais,é o extraordinário, o herói e o poderoso em questões de existência humana. Enquanto o homem não conhece o nome de seu Vodum,ele o chama de“nu me sen”o venerável o adorado)Isso durante o princípio de sua iniciação no culto. Depois de identificado o Vodum,o homem passa a ser dominado por ele.Doravante nenhum aspecto da vida do homem acontece sem que seu Vodum saiba e participe. O Fá,mensageiro do Vodum,intervém enquanto a criança está no útero materno. Identifica o destino e se necessário,o altera. Semelhante a todos os nascimentos e através das situações existentes, Fá participa das iniciações dos Voduns. Curiosamente e paradoxalmente Vodum não acompanha seu iniciado na morte física. No enterro de um vodunsi são feitos rituais para remover o Vodum do morto.Aqui encontramos dois significados importantes: 1)O Vodum toma conta dos vivos e não dos mortos.
2)Vodum é um intermediário entre seu iniciado e Mawu e,quando ocorre a morte física,Vodum volta para Mawu. Como princípio de mediação,Vodum tem um papel importante na organização da sociedade humana.
Agbasa-Yiyi (sala da vida) O agbasa-yiyi é de suma importância na vida do povo Fon.É o primeiro de uma série de três rituais de iniciação ao culto Fá. Meninos e meninas podem ser iniciados até a segunda etapa do culto, porém somente os homens poderão chegar à terceira etapa. A cerimônia do agbasa-yiyi não tem rigorosamente data fixada porém não poderá ser feita após os três meses do nascimento. A proposta do Agbasa-Yiyi é apresentar a criança na “sala da vida”(agbasa)e aos ancestrais.É um rito da integração de uma ou de várias crianças da mesma geração dentro da comunidade familiar,incluindo os antepassados e os espíritos protetores da família. A consulta do Bokono revela o Joto da criança, em outras palavras,o Vodum ou o Mexo (antepassado;às vezes divinizado)
oloje iku ike obarainan

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