domingo, 29 de setembro de 2013

YEWÁ

África

Yewa ou Ewá, Orixá do rio Yewa, que fica na antiga tribo Egbado (atual cidade de Yewa) no estado de Ogun na Nigéria. Orixá identificada no jogo do merindilogun pelo odu obeogunda.
Verger conta que na Nigéria, Abimbola publicou um itan Ifá (história de Ifa), falando "que de certa feita estando Iyewa à beira do rio, com um igba (gamela) cheio de roupa para lavar, avistou de longe um homem que vinha correndo em sua direção. Era Ifá que vinha esbaforido fugindo de Iku (a morte). Pedindo seu auxílio, Iyewa despejou toda roupa no chão, que se encontrava no igba, emborcou-o em cima de Ifa e sentou-se. Daí a pouco chega a morte perguntando se não viu passar por ali um homem e dava a descrição. Iyewa respondeu que viu, mas que ele havia descido rio abaixo e a morte seguiu no seu encalço. Ao desaparecer, Ifa saiu debaixo do igba e levou Iyewá para casa, a fim de torná-la sua mulher."


Ewá - escultura de Carybé em madeira, em exposição no Museu Afro-Brasileiro, Salvador, Bahia, Brasil
Ewá, Euá, Iyewa, Orixá feminino, é a divindade do rio e da lagoa Iyewà na Nigéria. Uma das iabás, considerada ora irmã de Iansã, ora irmã de Oxumarê. Seu nome significa maezinha do carater.
Verger em suas pesquisas diz: "Na Bahia é cultuada em casa de fundamentos casas antigos, devido à complexidade de seu ritual. As gerações mais novas captaram conhecimentos necessários para a realização do seu ritual,através do culto de Ifá e seus tratados. Em 1981, houve uma saída de Iyewá no Ilê Axé Opô Afonjá, após mais de 30 anos da iniciação da anterior.Com a volta do culto de Ifá e dos babalawôs, muitos santos como Yewá, Okô e Olokê estão voltando a serem feitos. O que antes eram comum as casas dizerem que não tem folha ou ser perderam com o tempo. Na Bahia antiga muitas casas tinham o auxilio dos babalawôs, com o tempo eles foram sumindo e morrendo, até se perderem completamente os seus conhecimentos, mais uma nova janela se abre para o culto dos orixás nas mãos dos iniciados em Ifá que dirigem as casas de santo, os awos, awofaka, Oriates e Olwôs estão trazendo de volta os cultos antes perdidos. As casa de santo se enche do brilho dos orixás antes sumidos que agora estão de volta.
As cores de seus colares (fio-de-contas) são o vermelho e azul(tranparentes). Usa como insígnias a âncora e a espada, ofá que utiliza na guerra ou na caça, brajás de búzios, roupa enfeitada com iko (palha da costa) tingida. Gosta de pato, também de pombos, odeia galinhas. Há um vodun daomeano com o mesmo nome, cultuado em São Luís do Maranhão. Saudação – "Riró!". Ewa/yewá é o orixá da beleza, geralmente cultuada junto a seu irmão inseparável oxumaré, juntos conduzem o arco íris e o ciclo da água, por ser orixá puco cultuado é muitas vezes identificada como Oxumaré fêmea, devido também levar uma cobra só que pequena.

Arquétipo

Não é raro encontrar uma filha de Yewá.Sendo que muitas casas por medo as iniciam para Oxun ou Oyá. Elas são valentes e guerreiras, muito belas e conquistadoras. Sabem o que querem e vão até o fim. São prestativas e se preservam quanto a moral e educação, ou expor seus sentimentos.
Lendas:
O seu grande ewó (coisa proibida) é a galinha. Corre a lenda entre as casas antigas da Bahia que cultuam Iyewa, que certa vez indo para o rio lavar roupa, ao acabar, estendeu-a para secar. Nesse espaço veio a galinha e ciscou, com os pés, toda sujeira que se encontrava no local, para cima da roupa lavada, tendo Iyewa que tornar a lavar tudo de novo. Enraivecida, amaldiçoou a galinha, dizendo que daquele dia em diante haveria de ficar com os pés espalmados e que nem ela nem seus filhos haveriam de comê-la, daí, durante os rituais de Iyewa, galinha não passar nem pela porta. Verger encontrou esse ewó na África e uma lenda idêntica.
Conta-se que Iyewá era uma linda virgem que se entregou a Xangô, despertando o ciúme e a ira de Iansã. Para fugir da senhora dos ventos e tempestades, se escondeu nas florestas com Odé, tornando-se uma guerreira e caçadora.

Elementos que rege

Rege as neblinas e nevoeiros na natureza.
Iyewá no Xambá

Cuba

Lydia Cabrera, antropóloga cubana escreve sobre Yewa e refere-se à Yemayá-Olokún.
Ewa não é uma orixá, sim uma eledá, como muitas outros que acreditamos ser um orixá. Lembro que o titulo de orixá pertence ao orixá Ori, e a nenhum mais. Yemanjá tem o de Yia-aja-ori, que não é a mesma coisa de orixá, como podemos pensar numa primeira idéia. Mais é aparece nos itans de Ifá em certas ocasiões quando do nascimento, quando dos poderes dela, já mocinha, depois com o primeiro namoro e como amante se assim podemos dizer; quando ela começa uma vida sexual ativa que nos informa que tem ela um caso com: 3 oxalá novo o senhor dos Bambus amarelos, o oxalá que vem avisar que o tempo acabou, depois com Oxoguian, Exu, Oxumaré, com 2 dos Odes, Orunmilá e por ultimo ela aparece como esposa de Omolu. Em seu nascimento ela aparece quando Ogun violenta Nana, na frente do povo dela, mostrando que ele invadiu a aldeia dela, lembramos que essa lenda começa quando não lhe proíbe a simples pelas terras dela, Nana faz a lama subir até quase matar Ogun, ele escapa e a fere com uma lança, razão pela qual ela não gosta de metal em suas coisas pois sua carne foi cortada por um metal. Ogun se organiza e trava um guerra com Nana sem precedentes, onde sai vitorioso invadindo as terras dela e dominando tudo, por final junta todo o povo de Nana no meio da aldeia e ali tem relações com ela na frente do povo dela, num demonstração que havia subjugou a rainha. Desta relação nasceu Ewá. Uma linda menina, o único filho perfeito que Nana teve. Daí ela mandar colocar acima da porta de sua aldeia um iba de Ogun. Ewa não tem nada, pois Nana teria já dado distribuído aos seus filhos, Omolu e Oxumare, seus filhos doentes, mais Oxumare se apegou a irmã e com ela combinou que cada um iria dirigir o Arco-íris por um tempo, daí ser ele o arco íris um tempo dirigido por Ewa e outro por Oxumare (não é 6 meses). Oxumare dá a Ewa a cor branca do arco íris, pois ela é um santo balle.
Ewa tinha brigas de muitos querendo casar com ela, quando nova pela beleza. Ela seduziu Oxalufan que vivia com Nana. Tendo ai o seu primeiro contato sexual. Ela tem suas cores o roxo e branco, enquanto Iku é roxo, preto e branco. Conta-se que Ewá recebeu de Ogun o direito de usar uma lâmina que ela esconde entre os seios, cujo o cabo é madeira, que esse fica a mostra. Ele mostra a pureza da morte onde devemos nos preparar, pois a vida é uma preparação para esse dia onde vamos prestar conta de tudo que fizemos dela é a expressão não deixe que outro tome seu lugar na morte, pois o julgamento dele será pior que o seu. Ewá dá mais um tempo a pessoa para se aguardar uma pessoa de longe chegar antes de dar o sono da morte. Ewá vem apenas para quem é digno, daí ter que ter a pureza diante dela. Quem não é puro não merece a boa morte. Ela é versátil em venenos, onde tentou envenenar alguns orixás, inclusive Exu, que não foi bem sucedida. Consegui subjulgar Orunmilá e mante-lo como escravo dela por muito tempo, nesse período Oxumaré foi babalawô usando as cores, verde, amarelo e preto, ela travou varias guerra com seu irmão Omolu, onde por ultimo ele com um tapa a venceu tirando toda a carga de maldade dela. E venceu a maldição dela dada por Oxalá da Bambuzal, onde ela de dia era uma velha e a noite era um linda mulher. Ela já casada com omolu, que ela tem muito medo até hoje foi mãe de todos os filhos dele. Já como esposa de Omolu ela ajudou um rapaz a fugir da morte. Invocando ela ser esposa de Omolu. Ele rege o sono da morte. Os venenos onde com ele matou os que a perseguia e quem ela não gostava.
Entretanto existe um fato em Ifá Xorokê, é um guerreiro feiticeiro, que não é Ogun e não é Exu. No candomblé é cultuado como Ogun, que seria o Irominã (o Ogun que come com exu e o exu que come com Ogun, que a tradução seria meu nome é fogo) dizem que é um Ogun e um Exu rebaixando, Xoroke é um santo extremamente sagaz e ligado a torturas, desastres de grandes proporções. Enquanto Ogun quer ver o inimigo olhos nos olhos o Xoroke não tem isso. Ele tem requinte de maldade, gosta de acumular riquezas e bens materiais e é muito vaidoso. E só gosta de coisas boas e que custem muito. Tem muita ostentação. Coisas simples ofende o Xoroke. Pune seus filhos com grandes desgraças, daí muitos terem medo deste santo. Não aceita que seja questionado em nada. Suas cores e azulão e vermelho. Ao contrário de Ogun que é verde. Pode usar um arpão, adaga, ofa, cabaças. Cobre o rosto. Em alguns barracões dizem ser ela filha de Obatalá. Entretanto em Ifá não achamos amparo para isso.
—Lydia Cabrera Mythologie Vodou, Piétonville, 1950
oloje iku ike obarainan

Um comentário:

  1. Discordo quando diz que, "com a volta do culto de Ifá e dos babalawôs, muitos santos como Yewá, Okô e Olokê estão voltando a serem feitos".
    Ora, a cultura desses Orixás, e mesmo outros, como Iroko, nunca se perdeu no Brasil. A grande problemática é, porque os mesmos não foram identificados pelos pesquisadores do passado. Que ao se copiarem uns aos outros passavam a afirmar precipitadamente que o culto aos mesmos havia desaparecido do nosso país.
    No Ilé Axé Mariolajé existe culto vivo a Orixá Okó, sendo que a neta canal da Yalorixá Olga do Alaketu (sua última grande sacerdotisa) foi iniciada para essa divindade;
    tanto no Ilê Iyá Omin Axé Iyá Massê, como no Ilé Axé Oxumarê, existe dês do passado até os dias atuais forte culto ao Orixá Yewá. Sendo que seus fundamentos também existiu no Rio de Janeiro antigo, principalmente através do Babalorixá-Babalawô-Olossãe Cipriano Manoel Abedé;
    assim como o culto e os fundamentos ao Orixá Olorokê esteve preservado no Ilê Asé Yangba Oloroke ti Efon e nos outros templos religiosos que dele se originaram. Uma das particularidades dessa tradição religiosa é o culto a divindades intimamente relacionadas com algumas árvores sagradas, entre elas Iroko e o próprio Olorokê;
    e apesar do desaparecimento dos Babalawôs no Brasil muito da cultura e tradição a Orunmilá foi preservada sim, na Bahia,em Pernambuco e no Rio de Janeiro.
    Muitas coisas estão sendo revistas realmente através dos intercâmbios culturais com a África contemporânea, mas essa troca de conhecimentos é reciproca. Não podemos é nos descaracterizarmos em detrimento a uma imaginária e poética África que em verdade não existe mais.
    Axé.

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