oxum
O presente tema apresenta, como personagem central, o Orixá Oxun, deusa do amor, das
águas doces, da beleza e da feminilidade.
Oxun teria nascido de uma concha depositada por sua mãe Yemanjá, na margens de um
grande rio ao qual empresta o seu nome, Rio Oxun, em yorubá "Odô Oxun".
É nos locais mais profundos deste rio, entre as localidades de Iguedé onde nasce e Leké, onde
desemboca numa lagoa, que Oxun é originalmente cultuada, tendo o seu templo principal
edificado nesta região, na aldeia de Oxogbo, palavra do dialeto yorubá que significa: "Oxun
atingiu a maturidade".
No percurso do rio, que corresponde à trajetória do próprio Orixá, Oxun assume diferentes
características, todas ligadas à maneira de ser das mulheres, de seu caráter e atitudes, de suas
qualidades e defeitos.
Assim, o africano se refere à diferentes "caminhos" deste Orixá, que serão descritos de forma
particular, sempre comparados a situações específicas do procedimento feminino.
Temos então, Oxun Kayode, representada pela dança de Oxun, repleta de movimentos que
denotam a sensualidade revelada na maneira de andar, de se movimentar e de proceder das
mulheres.
Yeye Kare representa o culto à beleza e à vaidade feminina, é descrita como "O Espírito que se
reflete no espelho", motivo pelo qual Oxun está permanentemente se admirando na superfície
de um espelho, do qual não se separa nunca.
O gosto pela riqueza, pela opulência e pelo uso de jóias e adornos se revela no caminho de
Oxun Bumi, onde a yagbá cobre-se de pulseiras, brincos e colares de ouro, metal que lhe
pertence por direito e ao qual está ligada de todas as formas.
Oxun Sekese representa a aparente fragilidade feminina, artifício usado para obter a proteção
dos representantes do sexo masculino.
Oxun Ibukola é a sedutora irresistível e representa o poder de sedução feminino.
O espírito maternal é representado por três diferentes caminhos onde Oxun Fumike
proporciona a possibilidade de gerar filhos, Oxun Oxogbô assiste a mulher na hora do parto,
desempenhando aí, a função de parteira e Oxun Funke é a mestra, representando a mãe que
orienta e ensina aos filhos as primeiras palavras e passos no seu primeiro contacto com o
mundo e com a própria vida.
Oxun Miwa, o Espirito das Águas Doces, está, de certa forma, ligada ao processo de gestação e
dizem que assiste e protege o feto durante todo o período de gravidez, sendo a dona do
líquido aminiótico.
A inconstância do caráter feminino é representada por Oxun Akura Ibú, que se faz presente
nos locais de encontro das águas do rio com as do mar.
A mulher guerreira, batalhadora e belicosa é representada por quatro caminhos de Oxun, nos
quais porta sempre uma espada. Nestes caminhos a Orixá é conhecida como: Oxun Apará,
Oxun Oke, Oxun Ipondá e Yeye Iberin, todas consideradas como guerreira poderosas.
A mulher madura, consciente de sua graça e elegância, revestida de respeito e classe é
representada por Oxun Ede.
A partir daí, Oxun assume características relacionadas à mulher envelhecida, cheia de manias e
preconceitos, ranzinza e implicante e é então representada por Oxun Ogá.
No último caminho, vamos encontrar Oxun Abotô, considerada velha e decrépita e envolvida
em ações misteriosas e obscuras relacionadas, talvez, à prática da feitiçaria.
Oxun, então, assume e revela todo o poder feiticeiro da mulher. Desprovida agora de
escrúpulos e do sentimento de piedade, contesta a pseudo superioridade do macho e cria uma
sociedade secreta estritamente matriarcal denominada Sociedade Gueledé, onde a face
maligna é encoberta por máscaras muitíssimo elaboradas. É Oxun Awe quem se encarrega de
organizar esta sociedade onde o homem não tem vez, devendo, tão somente, submeter-se de
bom grado às exigências de suas líderes.
Oxun, reunindo em si mesma todas as diferentes manifestações anteriormente descritas,
assume para si o absurdo poder de Yámi Ajé - a Mãe Feiticeira – e, investida deste poder,
controla a vida e a morte, punindo ou premiando indiscriminadamente, sem senso de justiça e
sem julgamento.
Aí, é representada pela grande cabaça Igbadu, símbolo do ventre gerador, encimada pelo
pássaro Oxorongá, representação do poder feiticeiro ilimitado que pode enviar aonde bem
entender de acordo com sua conveniência. Surpreendentemente, determina que esta cabaça
jamais seja vista ou cultuada por mulheres.
QUALIDADES DE OXUN SEGUNDO A SANTERIA DE CUBA
1 - IBU KOLE
Esta Oxun nasce no Odu Ogbetura e come galinha d’angola. É aquela que cuida da casa e
recolhe o lixo produzido dentro dela. Seu fio de contas é amarelo ouro intercalado com âmbar
e corais.
2 - OXUN OLOLODI
Trata-se de uma Oxun guerreira que porta uma espada. Seu adê é adornado com búzios.
Carrega um erukeré com o cabo adornado com contas de Orunmilá. Dentro de sua sopeira
coloca-se areia do mar e do rio misturadas. Entre os ararás é conhecida como Atiti.
3 - OXUN OPARA ou APARÁ. (Em Cuba: Ibu Akparo)
Esta qualidade de Oxun nasce no Odu Owónrin Meji.
Seu nome secreto é Iganidan. É aquela que reina sem coroa. É representada pela codorna. Vive
na desembocadura do rio com o mar e, segundo dizem, é surda. Come codornas e, com
Yemanjá, come duas galinhas cinzentas.
4 - OXUN IBÚ ANAN.
Esta Oxun é tocadora de tambor e nasce em Oturukponyekú. Seu orikí diz: Aquela que ao ouvir
o tambor corre em sua direção.
5 - IBU INÃNI.
Aquela que é famosa nas disputas. Seu igbá fica sobre areia de rio. Leva um abebé de metal
com dois guizos. Os ararás a chamam de "Tukusi" ou "Tobosi".
6 - OXUN IJIMU OU YUMU.
Aquela que faz inchar a barriga sem que haja gravidez. Esta Oxun é belíssima e nasce no Odu
Ika Meji. Os ararás a chamam de "Tukusi" ou de "Tobosi".
7 - OXUN IBU ODONKI.
Esta Oxun vive em cima de um pilão. Ao lado de seu igbá coloca-se um cesto com material de
costura. Seu oriki diz: O rio está crescendo e suas águas estão cheias de lixo. Entre os Ararás é
conhecida como "Tokago".
8 - OXUN IBÚ ODOÍ.
Esta Oxun come inhame e, junto dela deve-se manter sempre, um inhame cru. É estreitamente
ligada com as Iyami e possui o dom da feitiçaria. Entre os ararás é conhecida como "Fosupô".
9 - OXUN IBU OGALE.
Esta Oxun vive rodeada de telhas de barro É uma Oxun velha e guerreira, considerada a
guardiã das chaves. Os ararás a chamam de "Oakerê".
10 - OXUN IYEPONDÁ.
A lenda conta que foi esta Oxun quem liberou Xangô do cativeiro. Segundo outra lenda, esta
Oxun foi morta e atirada às águas de um rio, onde logrou ressuscitar. É guerreira e brigona.
Entre os ararás é conhecida pelo nome de "Agokusi".
11 - OXUN IBU ADESÁ.
Esta Oxun é a dona do pavão real, animal que lhe é sacrificado. Seu nome significa: "A Coroa é
Segura". Entre os ararás é conhecida como "Abotô".
12 - OXUN AYEDÊ OU EYEDE.
Seu nome significa: "Aquela que age como uma rainha". Os ararás a chamam de Iyaáde.
13 - OXUN OKPAXE ODO.
"Aquela que ressurgiu do rio depois de morta". É conhecida, entre os ararás, como "Totokusi".
14 - OXUN IBUMI.
Esta Oxun é representada pelo camarão de água doce que, por sua vez, é seu prato preferido.
Não tem paradeiro, é caminhante e fujona. Entre os ararás é conhecida pelo mesmo nome.
15 - OXUN IBU LATIE.
Esta Oxun vive no meio do rio. Só come em cabaças e seu igbá leva 15 flechas e cinco idés
dourados. Não possui coroa e quando é vestida enrola-se sua cabeça num ojá amarelo com um
filá de búzios pequeninos. Seu nome indica que possui poderes ilimitados e que tem
fundamento com Exú Elegbara. Os ararás a chamam de Kotunga.
16 - OXUN ELEKÉ OIYN.
Esta é uma Oxun guerreira e aguerrida. Seu igbá tem que estar sempre besuntado de mel de
abelhas da mesma forma que, segundo a lenda, massageava seu próprio corpo com este
material. É muito forte e carrega nas mãos um bastão com a ponta em forma de forquilha.
17 - OXUN ITUMU.
Esta é uma Oxun guerreira e que adora confusões. Veste-se de branco e usa calças compridas
como os homens. Dizem ser uma temível amazona que nas águas combate montada num
crocodilo e na terra, no lombo de um avestruz. Habita as lagoas de águas doces e pode ser
encontrada sempre na companhia de Inle e de Azawani. Os ararás a cultuam com o nome de
Hueyagbe
18 - OXUN TINIBÚ.
Esta Oxun vive com Igbadu e nasce no Odu Ireteyero. É a matriarca da Sociedade das Iyalodes.
Come cabra, cuja cabeça, depois de seca, é colocada sobre seu igbá. Conta a lenda que tem
uma irmã chamada Miuá Ilekoxexe Ile Bomu, que é cultuada junto com ela. Esta outra Oxun
não toma a cabeça de ninguém.
19 - OXUN AJAJURA.
Esta Oxun vive em lagoas, não usa coroa e é muito guerreira. Em seu igbá coloca-se um casco
de tartaruga.
20 - OXUN AREMU KONDIANO.
Teria sido a primeira a se manifestar numa cabeça humana. Veste-se inteiramente de branco e
seu fio de contas é de nácar e coral com gomos de contas verdes e amarelas (de Orunmilá).
Trata-se de uma Oxun muito misteriosa. Tem estreita ligações com Obatalá, chegando, por
vezes, a ser confundida com ele. Esta Oxun, segundo um itan do Odu Ogbekana, foi quem
ajudou Orunmilá a esquartejar o elefante. Os ararás a chamam de Tefande.
21 - OXUN IBUSENÍ.
Esta Oxun vive nas pequenas poças d’água que se formam próximo das margens dos rios. É
assentada em duas sopeiras. Cada uma com um otá. É conhecida como Ajuaniynu, entre os
ararás.
22 - OXUN IBUFONDÁ.
Esta Oxun morreu na companhia de Inle. Está sempre em guerra e não abre mão de uma
espada. Seu prato predileto é o inhame. Os ararás a conhecem como Zehuen.
23 - OXUN IBU ODOKO.
Esta Oxun é muito poderosa e nasce em Ogbekana. É agricultora e acompanha Orixaoko.
24 - OXUN AWAYEMI.
Esta Oxun nasce em Oyeku Meji. É inteiramente cega e vive na companhia de Azawani e
Orunmilá.
25 - OXUN IBU ELEDAN.
Esta Oxun nasce no Odu Oxe Leso (Oxe Irosun). É a dona das fossas nasais Come cabrito
capado e pequeno.
26 - OXUN IDERE LEKUN.
Nasce no Odu Oturasá. Vive nos buracos formados nas pedras pelas ondas do mar nos locais
de encontro do rio com o mar. Leva um atabaque de cunha chamado "koto". Não usa coroa e
esconde o rosto que é deformado, com uma máscara de bronze.
27 - OXUN IBU INARE
Vive sobre o dinheiro e, na praia, sobre o caramujo aje. Esta Oxun não gosta de dar dinheiro a
ninguém.
28 - OXUN AGANDARÁ.
Esta Oxun nasce no Odu Ikadi. Vive sentada numa cadeira de braços ou num trono. Seu igba
deve estar sempre coberta com folhas secas de oxibatá e oju oro
oloje iku ike obarainan
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