domingo, 9 de março de 2014

NANÃ ADADE KOFI (adadê côfi) – Vodum masculino, tem a função de proteger e defender todos os templos de Nanã. É um Vodum guerreiro, ligado ao ferro e outros metais. Cultuado em Ghana, Allada, Cotonou, Porto Novo, etc. É o Vodum da força e perseverança. Sua espada é usada pelos adeptos de Nanã, para prestarem juramentos de obediência, submissão e devoção a Grande Mãe.
NANÃ AKONEDI ABENA (nanan acônêdi abênan) – Vodum feminina jovem, cultuada em diversas partes da África. Seu principal templo fica em Later, cidade de Ghana. Quando Akonedi chega, ela percorre a vila, esconde-se em arbustos e sobe em telhados à procura de feitíços, feiticeiros e malfeitores. Atende os moradores locais, fazendo libações e curando os doentes. Em Ghana é considerada a Deusa da Justiça. Seu corpo é coberto com um pó branco sagrado, usa saia de palha, seu rosto é descoberto, na cabeça usa um torço, no corpo muitos brajás e nas mãos trás um feixe de lenha. Sua dança é selvagem e desenvolve-se dentro de um quadrado divino, dividido em outros quadrados me-nores feito com riscos do mesmo pó que cobre seu corpo. Esse conjunto de qua-drado também é usado por suas sacer-dotisas durante as danças. Seu assen-tamento fica em um buraco dentro da terra, ficando somente a tampa deste aparecendo. Os sacerdote e adeptos de Akonedi car-regam-na nos ombros numa espécie de desfile, para que todos possam admirar e louvar a grande deusa da Justiça. Terça-feira é o dia consagrado a essa Vodum. O Culto de Akonedi foi levado para alguns países, a pedido dos governantes desses. Quem levou o culto de Akonedi para o novo mundo foi a maior autoridade religiosa do culto, Nanã Oparebea Akua Okomfohemma, falecida em 1995.
NANÃ ASUO GYEBI (assuô giêbi) – Vodum masculino velho, que habita os rios. Muito popular em Ghana e tido como o protetor das crianças africanas que foram escra-vizadas. Esse Vodum pediu aos seus sa-cerdotes que o levasse para os países onde os africanos foram escravizados afim de que pudesse resgatar suas crianças. Ele já foi assentado em templos de Akonedi nos Estados Unidos e Canadá.
NANA BULUKU (nana bulucu) – Criou o mundo, mãe de Mawu-Lisa. Vodum da chuva e da lama, que deu origem à terra. A terra deve ser umedecida sempre seca e quente, a umidade e o frescor representam a paz e o equilíbrio. Colocar água sobre a terra, significa não só fecundá-la, mas também restituir-lhe seu “sangue” branco com o qual ela “alimenta” e propicia tudo que nasce e cresce e, em decorrência os pedido e rituais a serem realizados. Deitar a água é iniciar e propiciar um ciclo. Sua ligação com água e lama, associa Nana à agricultura, a fertilidade, aos grãos. Ela recebe em seu seio os mortos que permitem o renascimento.
NANÃ DENSU (nanan dênssú) - ou apenas Densu – Segundo os Fons esse Vodum é um deus andrógino e seria o lado macho ou marido de Buruku. É muito cultuado nos rituais de Mami Wata onde é considerado o maior de todos os deuses, os Fons o compara a Olokun. Muitos antropólogos têm atribuído erronêamente Densu a um deus hindu, devido seus fetíches e assen-tamentos apresentarem três cabeças. Esse Vodum é muito rico e farto. Costuma pré-sentear seus adeptos com suas riquezas. Não é feito na cabeça de ninguém
NANÃ ESI KETEWA (êssi quetêuá) – Vodum feminina muito velha, cultuada em Ghana, Cotonou e Allada. Dizem os mais velhos que essa Vodum morreu de parto e que por isso a missão dela é proteger e tratar as mulheres grávidas assim como seus filhos
NANÃ GADJU (nana gádjú) – outro nome de Mawu.
NANÃ OBO KWESI (obó cuêssi) – Vodum feminina guerreira, cultuada na região Fanti em Ghana. Protege e ajuda os kuhatô (pobres) e os azon (doentes). Detesta quem faz aze (bruxarias) ou qualquer mau a um ser humano.
NANÃ TEGAHE (têgarê) – Vodum feminina jovem, cultuada em Ghana. Tem o poder de tirar feitíços das pessoas e lugares. Tem grande conhecimento no uso terapêuticos e ritualísticos das ervas. Muito alegre e faceira, gosta de dançar e cantar, mas fica muito séria e aborrecida quando encontra malfeitores e ladrões; ela os mata.
NANÃ TONGO (tongô) – Vodum feminina, cultuada em Togo. Grande curandeira trata das pessoas com ervas, ebós e gri-gris. É uma grande Azeto (feiticeira) e seu culto talvez seja um dos mais complexo. Em seus nahunos (sacrifícios de bichos), os sacerdotes prostam-se no chão ao lado dos bichos mortos e finge estarem mortos também, assim permanecendo até que Nanã Tongo incorpore em um dos filhos e os ressuscite. Quando isso acontece. todos levantam com a ajuda de Tongo e suas sacerdotisas; os bicho são suspensos e levados para a cozinha, onde serão preparados. Nanã Tongo dança com muita alegria, vestida em suas roupas con-feccionadas com as peles dos bichos sacrificados para ela. Seus adeptos costumam presentea-la com muitas jóias, enfeites, roupas e talismãs que a agradam. Antes de começar os nahunos para essa Vodum, corujas são atadas às árvores. Em algumas regiões ela é conhecida como Nanã Wang.

5 comentários:

  1. Só faltou explicar se todas essas divindades cujos nomes começam com o termo Nanã, possuem realmente alguma ligação com a Nanã cultuada no Brasil. Pois da forma que aparecem relacionadas no texto somos levados a acreditar que sim, sendo que creio ser um tanto precipitado. Há começar pelo fato de que nenhuma dessas divindades apresentadas (exceto Nanã Buluku) são conhecidas no Brasil, nem mesmo citadas como qualidades-caminhos-desdobramentos da nossa Nanã.
    Creio que Nanã é um tema que deve ser abordado com a máxima cautela, pois assim evita-se cometer equívocos. Tanto para os pesquisadores, adeptos do Ifá e mitólogos Nanã ainda se apresenta como um grande desafio. Como tal deve ser decodificada com calma e gradualmente. Uma vantagem que temos é que seu culto, mesmo que multifacetado, encontra-se preservado em nosso país.
    Axé.

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  2. A antiguidade atribuída a Iyagbá Nanã aparece evidenciada sobretudo em sua liturgia cuja ausência tradicional do uso de objetos de metal situaria seu culto original em um período muito remoto, anterior ao surgimento da metalurgia, mais especificamente o domínio da técnica de obtenção do ferro. Apesar de bastante questionável essa explicação ganha consistência por sabermos que, apesar de ser um dos metais mais abundantes na terra, sua utilização na antiguidade surgiria tardiamente gerando grande revolução. No entanto a antiguidade de Nanã não está apenas relacionada ao surgimento do ferro na África Ocidental, mas na sua reduzida mitologia e sobretudo na praticamente ausência nos relatos do Ifá. A mais significativa referência em língua portuguesa sobre o culto a Nanã na África nos é fornecida por Pierre Verger, sendo contudo uma pesquisa incompleta e repleta de lacunas ainda não preenchidas. Todavia suas informações e deduções são de extrema importância, principalmente no tocante as prováveis origens de Nanã entre os Nagô-Iorubá arcaicos e não uma divindade Ewe-Fon como se diz no Brasil.

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  3. Assim como é dito no texto apresentado pelo blog, Verger também encontrou várias outras divindades cujos nomes são precedidos do termo Nanã.

    "(...) Encontramos aí o culto de Nàná Bùkùú, mas também o de várias outras Nanãs, ali chamadas Nèné (...) É difícil saber, no estado atual das pesquisas, quais são os laços existentes entre todas as divindades cujo nome é precedido de Nàná ou Nèné. Elas são chamadas de Inie e parecem todas desempenhar um papel de deus supremo (...)"

    Verger ainda lista o nome de algumas dessas Nanãs por ele encontrado, chamadas de Nèné:

    " Nèné Ajapa, vinda de Djagbalo, perto de Banté, tem uma coroa de búzios;

    Nèné Agbaya, vinda de território bariba, tem um templo em Worogi;

    Néné Adjaosi, vinda de Banté, seria uma divindade da água;

    em Abomey, no templo de Lisa, Nàná Bùlùkú seria a mãe de Nàná Yaba, Nàná Hondo, Nàná Kpaban, Nàná Seli;

    em Dumé, Nàná Brukung é conhecida, mas a Inie principal do lugar é Da Dumé;

    há uma Nàná Alàgba em Bodé, Nàná Adelé em Lugba e Akpassi."

    É preciso ressaltar que alguns desses nomes são conhecidos no Brasil, sendo considerados como qualidades-caminhos-desdobramentos do Orixá Nanã, entre eles estão:

    Nanã Ajapa;
    Nanã Agbaya;
    Nanã Adjaosi;
    Nanã Kpaban.

    Mas não fica claro se todos esses nomes coletados por Verger são na realidade denominações de uma única divindade cultuada em regiões distintas ou se Nanã Buruku foi adicionada a um panteão já existente à época de migrações nagô-iorubá a regiões estrangeiras. Ou se a própria Nanã ao chegar com os migrantes influenciaria todas as divindades femininas até então cultuadas nessas regiões.

    Acreditamos que a segunda hipótese seja a mais plausível, e novamente recorreremos a Verger para podermos sustentar nossa teoria.

    "(...) O ponto extremo a oeste, até onde nos foi possível fazer pesquisas, foi Atakpamê, no Togo, onde há um templo importante de Nanã Buruku. Ali vivem os aná, originários de Ifé que teriam deixado, talvez, antes da chegada de Odùduà. Os estudos realizados não chegaram a uma conclusão: se eles teriam habitado a região de Adelê, antes de se fixarem em Atakpamê, esboçando um movimento de retorno para o leste, ou então se os aná, segundo outra hipótese, teriam lutado entre si, por ocasião de sua chegada em Atakpamê. Um velho caçador os teria abandonado, indo refugiar-se em Odum (Odómi), perto de Schiari, sede da divindade Bùkùú ou Brukung. "Ela está lá" diz-se em Atakpamê, "dela, aqui, só há representações (...) De Atakpamê, como de Kpesi, Tchetti, Dassa Zumê, Savê, Abomey e, provavelmente, Abeokutá, as pessoas consagradas a Nanã Buruku vão fazer peregrinação em Schiari, no Adélé.
    (...) Sobre Schiari ou Schiadé, a menos que seja Siarê ou Siadê, temos informações datadas de 1896, quando o Tenente Conde Zeck, chefe do posto de Krete-Kratchi e futuro governador do Togo alemão, dirigiu um "comando" contra os habitantes de Schiari e deu a conhecer em seu relatório que "Siadê (ou Siarê) era antes a capital do país Atyuti (Adjuti) e a sede do ídolo Buruku, conhecido em regiões mais longínquas por causa de seu poder. Por essa razão, a região se chama também, em Tschi, Buruku oboose, isto é, a região de Buruku. Para se ter uma idéia do poder que teria esse ídolo, é significativo que os reis do Dagomba, do Ashanti, de Gonya, de Tschautcho procurassem, sobretudo em períodos de guerras, obter a proteção do ídolo por meio de presentes e de embaixadas."

    Ora, mesmo tratando-se de uma divindade estrangeira trazida por degradados devemos considerar a visibilidade que a mesma conseguiria obter, a ponto de toda uma região lhe ser consagrada e reis ou altos representantes de várias realezas recorrerem a essa divindade em momentos crucias e decisivos tal qual ocorria no oráculo de Delfos.

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  5. Em nossas pesquisas chegamos a conclusão que em toda a diáspora os mais significativos resquícios do seu culto original encontram-se preservados no Brasil, havendo no entanto importantes referenciais no Haiti e principalmente em Cuba. Apesar da implantação recente do culto à Nana Akonedi ou Akonedi Abena nos Estados Unidos da América (EUA), não sabemos se trata-se da mesma Nanã aqui cultuada, nem quais seriam as relações existentes entre essas divindades.
    A maior relevância do culto à Nanã encontra-se na Nação Nagô-Ketu, havendo no entanto fortes indicativos que essa divindade tenha chegado ao Brasil através de sacerdotes e sacerdotisas escravizados da etnia Egbá, isso explicaria sua preponderância no Gantois (Ilê Iyá Omin Axé Iyá Massê), cujos pais carnais da sua fundadora eram oriundos de Abeokuta, sendo sua mãe sacerdotisa de Nanã.


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