As leis Sagradas de Olódùmarè nos deixa impregnado da noção de certo e errado desde o sopro divino (Emi), no nascimento.
Acreditamos que ao recebermos o sopro divino da vida, o Emi, Olòdùmarè nos dá a noção do certo e do errado, é comum vermos crianças fazendo traquinagens e olhando para trás e se certificando que não tem ninguém olhando para repreende-la. Isto é o embrião do caráter que está se formando é o embrião do certo e do errado.
Muitas pessoas tem esta noção mais latente que as demais, isto faz com que existam vários tipos de caráter e pessoas que chamamos de boas, boazinhas e benévolas. Não devemos rotular pessoas desta forma, afinal de contas não tem ladrão, ladrãozinho e ladrãozão, todos são ladrões, de R$ 1,00 a R$ 1.000.000,00 é tudo a mesma coisa, ou a pessoa é correta ou não é correta.
Neste verso de Ifá, transcrito por Ogbè’sá (Ògbè’ Òsá), vemos a traição como um dos piores atos que um ser humano pode cometer contra o outro.
Aos olhos de Olódùmarè, trair é um ato nefasto. Então não importa quem você vai trair, o que importa aos olhos de Deus é que você vai trair.
O Odù Ògúndá’Ìròsùn nos fala de Ògún, que fazia justiça dentro de um reino onde ele era o carrasco e sacrificava as pessoas que cometiam faltas consideradas graves pelo conselho do Obà (rei), um dia Ògún resolveu testar e saber se este código de conduta era realmente infalível. Ele matou o bode real (o bode do rei) e colocou a cabeça do bode ao lado da cama de seu irmão.
Quando foi dada a falta do bode e o encontro da cabeça do animal ao lado do irmão de Ògún foi um alarido.
Como sua família não era uma qualquer, todos ficaram apreensivos em punir alguém desta família, o rei mandou investigar e um dia disseram à Ògún que ele se preparasse pois a pessoa que havia cometido este ato covarde e incriminado seu irmão tinha sido capturada. O guarda que o trouxe disse que ele mesmo tinha sido testemunha do ato transgressor e este homem era o culpado.
Ògún então mandou que soltassem o acusado e matou o guarda, afinal de contas somente ele sabia quem realmente havia matado o bode do rei.
A mentira e a traição do guarda foram os motivos de sua punição.
No Ese Ifá abaixo (Lei Divina transcrito em forma de poema) poderemos constatar que as punições celestiais são severas, a morte apenas serve como referência para mostrar como é forte a indignação contra este tipo de comportamento.
Muitas vezes a razão para as coisas não darem certo em nossas vidas podem estar escondidas por detrás de atitudes cometidas no nosso passado ou no nosso cotidiano e não nos damos conta disso e não mudamos nossas atitudes.
Boa leitura.
Ogbè’sá diz:
Eram quatro amigos:
Osì o macaco, Tókon a planta rasteira, Àgbó o carneiro e Sàngó.
O país onde viviam ninguém conhecia a paz.
O Obà da cidade então resolveu ir consultar Ifá,
Apareceu Ogbè’sá e este mandou buscar Osì, matá-lo e enterrá-lo;
Ifá então disse que depois que o matasse o mundo teria paz.
Toda a população estava atrás de Osì.
O Obà disse então:
Eu como um Obà se não conseguir capturar Òsì eu farei um bom governo?
Então prometeu trazer 200.000 búzios e 200.000 unidades de qualquer coisa para quem trouxesse Osì.
Àgbó um dos quatro amigos ouviu o que o Obà disse para Ifá
E então resolveu enganar Osì,
Ele fez uma jaula e pediu para o Obà colocar dentro da jaula suas pulseiras e uns Obí, tudo isto com o objetivo de capturar Osì.
O Obà seguiu o conselho do amigo e deu as coisas para Àgbó concluir seus objetivos.
Ele foi até a casa de seu amigo e o chamou, Osì saiu e viu as pulseiras e os Obí então disse:
Coma amigo?
O que há de mal nisto?
O que é que você quer amigo?
Àgbó disse:
Isto é para você!
Pegue o que quiser desta jaula.
Osì viu os Obí e queria pegar, porém, teve que subir dentro da jaula porque esta era bem profunda então quando entrou, Àgbó fechou a mesma.
Ele então foi para a casa do Obà.
Então viu que seu amigo o estava traindo
E que ele estava indo direto para a morte,
Assim ele gritou por Sàngó.
Com esta oração de ajuda feita por Òsì, Sàngó mandou relâmpagos e chuva,
Com isto a jaula caiu e se abriu e então Osì se foi.
Àgbó que nada percebera continuou no caminho até o palácio do Obà.
No caminho este encontrou com os camponeses da região e disse:
Estou trazendo a paz e a riqueza para o mundo.
Um deles ajudou a colocar a jaula no chão e quando abriram encontraram somente as pulseiras do Obà e uns Obí.
O Obà disse:
Trouxe Osì?
Ele disse: Veja.
Então o Obà falou:
Como você fez isto!
Será você quem irá no lugar de Òsì!
Ao trair o amigo, Àgbó pagou com a vida.
Assim o sacrifício fora feito.
Osì cantou.
Sebele ku ee!
Àgbó ku Sebele!
Alegria, ele morreu!
O carneiro morreu, alegria!
Sagrado Odù Ogbè’sá.
O grande mote deste e muitos outros versos é que Olódùmarè não quer sair punindo a todos pelas suas faltas e erros, ele quer a mudança, ele quer a elevação espiritual (não confundir com desenvolvimento espiritual), ele quer que você mude de atitude se estiver agindo de forma errada, ele quer um mundo melhor, pessoas que possam conviver e tolerar umas as outras.
Você deve saber que todos estão em desenvolvimento e pagando por suas faltas, portanto o incentivo, o elogio e a mão amiga devem fazer parte do seu dia a dia.
A orientação para aqueles que vivem no erro também faz parte da nossa responsabilidade para com o ser humano e o seu desenvolvimento, Òrúnmìlá não gosta de ver as pessoas na ignorância, errando por ignorância, ele pede para aqueles que tem mais conhecimento possam dividir com quem não tem, somente assim haverá evolução.
Somente assim formaremos líderes de verdade.
Quem não sabe ler, não adquire cultura e conhecimento. Um sábio precisa de conhecimento, pois se assim não for, ele ficará limitado a seus sentimentos e não poderá aprofundar o ensinamento.
Ir e difundir, não devemos reter o conhecimento, afinal de contas, a maior parte das pessoas reclama do jogo de esconde-esconde que impera no mundo espiritual.
Eu nunca privei ninguém de copiar meus textos e gostaria que copiassem e difundissem cada vez mais os ensinamentos de Olódùmarè.
Ire l’onà aiku.
Caminhos de vida longa.
Uma pequena ilustração:
As pessoas regidas (nascidas) por este Odù tem como tabu entre tantas coisas, a falta de humildade.
Portanto vemos que nosso comportamento também é analisado na hora de recebermos nossas bênçãos.
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