quarta-feira, 1 de outubro de 2014


Òsun recorre as Ìyámís
A confraria feminina reivindica o poder!
Nos tempos antigos, pouco depois que Òlódùmàrè delegou a criação do mundo os Òrìsàs agbóros(masculinos), realizavam oferendas para o Senhor da Criação, com o intuito de intervir pelos seres humanos e manter o equilíbrio das forças da natureza. Mas não convidavam as mulheres, pois a cerimônia era proibida para o sexo feminino. Esta foi a razão pela qual Òsun revoltou-se contra os Òrìsà masculinos e reuniu todas as mulheres convencendo-as a tomarem uma atitude quanto a proibição dada pelos Òrìsà masculinos. Òsun então se tornou Ìyálòdè (chefe de todas as mulheres) e, representando as mulheres, recorreu as Ìyamí Òsòròngá (Mães ancestrais), as detentoras do poder feminino. Entregando-lhes oferendas, Òsún pediu o auxilio das Ìyamí Àjé (Mãe feiticeira), que lançaram o àjé em todos os homens que, a partir de então, passaram a não mais defecar e urinar porque suas vísceras não funcionavam normalmente. Até os animais do sexo masculino foram atingidos. Homens e animais começaram a passar mal, pois eles comiam e bebiam, mas não podiam defecar e nem urinar. Esta situação durou sete dias… Os seres do sexo masculino começaram a morrer, o que preocupou os Òrìsà, que resolveram consultar Òrúnmìlà (sacerdote supremo do oráculo de Ifá). Então o Babaláwo Òrúnmìlà consultou o oraculo para responder a todos os Òrìsà, oportunidade na qual respondeu o odu Osé Ireté. Òrúnmìlà recomendou, então, que quando eles fossem realizar oferendas na mata sagrada deveriam convidar uma mulher que estava esperando um filho, está mulher era Òsun. E, se ela concordasse em acompanha-los, tudo voltaria ao normal, e todos ficariam curados daquele grande mal. Seguindo a recomendação do Babaláwo, eles foram até Òsun, que estava se banhando na beira de um rio, e a convidaram para fazer parte das oferendas. Ela ouviu as suplicas dos Òrìsà masculinos e, mesmo com muita vontade de aceitar o convite, se negou a participar alegando que ela e todas as mulheres estavam cansadas de serem tratadas como escravas dos homens, ressaltando que a mulher participa da criação da vida e, por esta razão, tinham o direito de intervir e decidir por ela. Diante da negativa, imploraram a presença de Òsun. Vendo que todos os homens estavam passando muito mal, Òsun resolveu acompanhá-los nas oferendas, mas com uma condição: que todos os Òrìsà masculinos deveriam passar um pouco de seus poderes para a criança que ela estava esperando, e que deveriam rezar muito para a criança nascer do sexo masculino, pois, se a criança que estava dentro dela nascesse menina, os homens ficariam subalternos às mulheres. Os Òrìsà masculinos ficaram preocupados, pois acreditavam que a condição imposta por Òsun poderia colocar em risco a existência e que, nada deste mundo, daria certo para todos os homens. Por outro lado pensavam que, se nada fizessem, todos os homens morreriam o que os obrigou a aceitar a imposição de Òsun para acompanhá-los até a mata sagrada. Sem saber como passar parte dos seus poderes para criança os Òrìsà voltaram a consultar Ifá, quando então respondeu o odu odiséséso (mensageiro do nascimento). Desta feita, o Babaláwo aconselhou que todos os Òrìsà fossem pela manhã à casa de Òsun e impusessem as mãos no ventre dela dizendo o seguinte: “que de mim passe para esta criança um pouco de meu poder”. Deveriam fazer isto até que a criança viesse ao mundo para garantir que ela fosse do sexo masculino. Recomendou ainda que os homens deveriam aprender respeitar as mulheres. Èsù, Ògún e todos os Òrìsà masculinos seguiram para casa de Òsun e fizeram o que lhes foi recomendado pelo Babaláwo até o dia do nascimento da criança. Imediatamente as funções intestinais, os rins, fígado, bexiga dos homens e animais do sexo masculino voltaram a funcionar. A partir dai as mulheres passaram a ser respeitadas e temidas como feiticeiras. No dia do nascimento da criança todos Òrìsà masculinos ficaram em frente da casa de Òsun para saber qual seria o seu sexo. Esperaram por muito tempo até Osun aprensentá-la para o egbe (comunidade): era um menino, para alívio dos Òrìsà do sexo masculino. Todos os Òrìsa cantaram e louvaram a existência e gritaram assim: urra to to to (estamos salvos). A partir deste dia os Òrìsà masculinos não faziam mais oferendas sem convidar e levar suas esposas e todas as mulheres. O Babaláwo consultou mais uma vez Ifá e respondeu o odu oturá, nome que eles propuseram a criança. Levaram a proposta para Òsun, que não concordou e, se preparou para fazer imposições. Neste momento um pássaro pousou no fila (espécie de chapéu) que estava cobrindo a cabeça da criança e se curvou. Aquele sinal significou que a criança tinha o poder de apaziguar até as Ìyamí Àjé, razão pela qual, Òsun atendeu parcialmente a proposta dos Òrìsà e deu à criança o nome de Osé Otura: a criança tem o poder de todos Òrìsà. O garoto ficou conhecido como o décimo sétimo odu do jogo de búzios e, a partir de então, este odu passou a intermediar as mensagens e oferendas para todos os outros odu. Apenas ele tem o poder de entrar e sair do Orun, quando e como quiser, sem ser perseguido pelas Ìyamí Àjé.
oloje iku ike obarainan

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