quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Culto a Egúngúm


Na Nigéria, o culto a Egúngúm está relacionado aos ancestrais.

O povo Yórúbà acredita nesta energia porque entendem que não existiria o presente e o futuro, sem a existência do passado. O Culto é um dos mais difundidos em toda a população Yórùbá. Na Nigéria são quase 30 milhões de pessoas que cultuam Egúngúm. Para se ter uma idéia da força desta energia, na Nigéria os três Àwon Òrìsà mais cultuados são : Culto a Èsú,Ògún e Egúngúm.

            Egúngúm é considerado um Òrìsà - ele é a única energia que dá ao homem condições de ser venerado depois de sua morte, dependendo do histórico da vida da mesma.

            O culto a Egúngúm é altamente mágico e secreto, por isso os Olojés (pessoas que tem o poder de manipular a energia de Egúngúm) são respeitadíssimos. Todas as pessoas podem se beneficiar da energia de Egúngúm para solucionar problemas no amor, trabalho, saúde, espiritualidade, etc.

            No Brasil o Culto não é difundido como na Nigéria e apesar dos equívocos de alguns Pais e Mães no Santo, na Ilha de Itaparica, existe o culto de Egúngún considerado parecido ao da Nigéria. Em Itaparica o culto é totalmente secreto, talvez esse o motivo de não se ter mutilado através dos tempos, da escravidão aos tempos de hoje.

O culto é equivocado no Brasil pois muitas pessoas dizem que Egun é energia negativa, e isso não é verdade.

            Egun = Babaegum (uma coisa só) = Energia positiva
            Oku orun (cidadão do Òrún) = Energia positiva
            Oku (espírito sem procedência) = Energia negativa

            O que falta, talvez para as pessoas do Brasil, seriam informações sobre Egúngún. O povo Yórùbáa acredita em reencarnação, pois Egúngún está interligando vida e morte: assim que uma criança nasce, eles fazem todo um procedimento para saber o destino da criança, manipulam oráculos, ou então pedem a ajuda de Bàbálawô que através de Ifá, sabem se a criança é uma encarnação de algum antepassado. Constatando-se o fato, é feito o ritual de ikomojade, onde a criança terá um nome e é apresentada para a comunidade com uma festa.

            Este ritual de ikomojade é feito dessa maneira: para a menina só depois de sete dias de vida e para o menino após nove dias de vida. O nome é muito importante para os Yórùbá.

            Se os BÀbáláwô, ao consultarem o oráculo, constatam que a criança é uma reencarnação de um antepassado, determinam o nome de babatunde (para meninos) e iyabode (para meninas). Esses nomes são utilizados no caso de reencarnação dos avós. Existem outros nomes que são dados dependendo do que for analisado pelo oráculo, trazendo sorte ao destino da pessoa:

Egun Sola
Egun Biyi
Egun Wale Oje Wale
Egun Gbami
Arugbo
Iyagba

            No contexto Yórùbá, a morte é dolorosa, mas necessária para o ciclo da reencarnação até que a mesma pessoa que morra, cumpra o seu plano de Ori e dependendo do histórico de vida a pessoa possa se englobar na energia de Egúngúm tornando-se venerável para a comunidade ou sociedade.

Na Nigéria, quando uma pessoa morre muito cedo, a sociedade e as pessoas da comunidade ficam tristes, pois acham que a pessoa não gozou de todos os benefícios terrestres, não aprendeu o que poderia ter sido aprendido, e por isso fazem, durante o enterro, um ritual na floresta chamado Iremoje, onde a família da pessoa morta pede para que nunca mais aconteça aquilo de novo na família da pessoa.

Pessoas que morrem muito cedo, não tiveram um destino bem aventurado no contexto deles.

Um outro ritual que existe é o chamado Axéxé, que também é um ritual fúnebre para pessoas que morrem com mais de noventa anos, para pessoas que são anciãs. No Axéxé o povo fica alegre e prepara a pessoas como se fosse para um festa: colocam a melhor roupa, penteiam os cabelos do morto, se for mulher fazem trancinhas e pintam o rosto da pessoa e dependendo do grau financeiro da pessoa eles dão uma festa para comemorar o falecimento.

            O ritual de Axéxé pode ser marcado com a presença de duas sociedades Ogboni e as Ìyámì Osoronga. A presença dessas sociedades é fundamental porque eles têm o poder de evocar a pessoa para conversar e saber como foi a passagem, e se ela quer deixar uma mensagem para a família e se pode ser distribuído os seus pertences para os familiares. A pessoa é preparada para o Iremoje, onde os familiares cantam lamentando a morte e depois cantam o Ijala onde falam das glórias conquistadas pela pessoa em vida, seguindo assim a festa para homenagear a pessoa.

Dependendo do histórico da vida da pessoa que morreu, ela pode se englobar na energia de Egúngún, mas para isso acontecer a pessoa teria que ser boa com as pessoas, amiga, ter ajudado a sociedade, enfim, teria que ser bem vista pela comunidade, o destino teria que ser bem aventurado. Nessa ordem a família e a sociedade podem escolher a pessoa como Egúngún, sendo assim todos beneficiados com a escolha e o Egúngún se tornaria guardião da família e da sociedade onde viveu.

            Devotos de Egúngúm podem chegar a uma evolução espiritual muito rápida, por se Egungun ligado à ancestralidade, isso quer dizer, a pessoa desenvolve uma intuição, percepção e sabedoria muito apurada, tornando-se assim muito forte (olojé).

            Olojé são pessoas que manipulam as energias de Egúngún. Esse título é concebido a homens. As mulheres não podem manipular essa energia, mas podem se beneficiar através dos olojés.


            Na Nigéria existe a iniciação para Egúngún, porém há vários critérios a se analisar:

1º - Analisar o grau de ligação da pessoa com Egúngúm
2º - Herança familiar (Òdú de nascimento)
3º - Vontade da pessoa
4º - A pessoa pode estar a sonhar com Egúngúm
5º - Consulta através dos oráculos podem determinar a iniciação

            Todos estes elementos podem determinar a iniciação da pessoa no Culto a  Egúngúm.

            Esse processo de iniciação é muito secreto. Para a pessoa ser iniciada no Culto a  Egúngúm, ela tem que ser uma pessoa que saiba guardar segredo: o bom feiticeiro não revela seus dotes mágicos. A pessoa sela um pacto de segredo.

Esse pacto só será fechado depois que a pessoa come elementos preparados para dar ligação da pessoa com Egúngúm. Aí ela se tornará um membro no culto a Egúngún e com o tempo ela será um verdadeiro Olojé.

Claro que ela tem que ter força de vontade, humildade e paciência, lembrando-se de que uma vez iniciado sempre iniciado pois não tem mais volta.

            O assentamento de Egúngúm é formado por Iyangi, vários atori, osso da canela de pessoas que já morreram, meias e um véu para tampar o rosto. Uma pessoa viva veste todas estas roupas para o Egúngúm se materializar. A pessoa fica em transe com o Egúngún materializado.

Os cultos de origem Africana chegaram ao Brasil juntamente com os escravos. Os Iorubanos - um dos grupos étnicos da Nigéria, resultado de vários agrupamentos tribais, tais como Ketu, Oyó, Ijexá, Ifan e Ifé, de forte tradição, principalmente religiosa - nos enriqueceram com o culto de divindades denominadas genericamente de Àwon Òrìsà.

Esses negros iorubanos não apenas adoram e cultuam suas divindades, mas também seus ancestrais, principalmente os masculinos. A morte não é o ponto final da vida para o iorubano, pois ele acredita na reencarnação (àtúnwa), ou seja, a pessoa renasce no mesmo seio familiar ao qual pertencia; ela revive em um dos seus descendentes. A reencarnação acontece para ambos os sexos; é o fato terrível e angustiante para eles não reencarnar.

Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Iami Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Iami Oxorongá, chamada também de Yá Nlá, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder de ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Geledê", compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Yami nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino.

Além da Sociedade Geledê, existe também na Nigéria a Sociedade Orò. Este é o nome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados. Orò é uma divindade tal qual Ìyámì Oxorongá, sendo considerado o representante geral dos antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Ìyámì quanto Orò são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam a coletividade, mas o poder de Ìyámì é maior e, portanto, mais controlado, inclusive, pela Sociedade Orò.

Outra forma, e mais importante de culto aos ancestrais masculinos é elaborada pelas "Sociedades Egúngúm". Estas têm como finalidade celebrar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade. Esse mortos surgem de forma visível mas camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte, denominada Egum ou Egúngúm. Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só os homens possuem ou mantém a individualidade; às mulheres é negado este privilégio, assim como o de participar diretamente do culto.

Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos dos orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana.

No Brasil existem duas dessas sociedades de Egúngún, cujo tronco comum remonta ao tempo da escravatura: Ilê Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais recente e ramificação da primeira, o Ilê Oyá, ambas em Itaparica, Bahia.

O Egun é a morte que volta à terra em forma espiritual e visível aos olhos dos vivos. Ele "nasce" através de ritos que sua comunidade elabora e pelas mãos dos Ojé (sacerdotes) munidos de um instrumento invocatório, um bastão chamado ixã, que, quando tocado na terra por três vezes e acompanhado de palavras e gestos rituais, faz com que a "morte se torne vida", e o Egungum ancestral individualizado está de novo "vivo".

A aparição dos Eguns é cercada de total mistério, diferente do culto aos orixás, em que o transe acontece durante as cerimônias públicas, perante olhares profanos, fiéis e iniciados. O Egúngúm simplesmente surge no salão, causando impacto visual e usando a surpresa como rito. Apresenta-se com uma forma corporal humana totalmente recoberta por uma roupa de tiras multicoloridas, que caem da parte superior da cabeça formando uma grande massa de panos, da qual não se vê nenhum vestígio do que é ou de quem está sob a roupa. Fala com uma voz gutural inumana, rouca, ou às vezes aguda, metálica e estridente - característica de Egum, chamada de séègí ou sé, e que está relacionada com a voz do macaco marrom, chamado ijimerê na Nigéria.

As tradições religiosas dizem que sob a roupa está somente a energia do ancestral; outras correntes já afirmam estar sob os panos algum mariwo (iniciado no culto de Egún) sob transe mediúnico. Mas, contradizendo a lei do culto, os mariwo não podem cair em transe, de qualquer tipo que seja. Pelo sim ou pelo não, Egum está entre os vivos, e não se pode negar sua presença, energética ou mediúnica, pois as roupas ali estão e isto é Egum.

A roupa do Egum - chamada de eku na Nigéria ou opá na Bahia -, ou o Egúngún propriamente dito, é altamente sacra ou sacrossanta e, por dogma, nenhum humano pode tocá-la. Todos os mariwo usam o ixã para controlar a "morte", ali representada pelos Eguns. Eles e a assistência não devem tocar-se, pois, como é dito nas falas populares dessas comunidades, a pessoa que for tocada por Egum se tornará um "assombrado", e o perigo a rondará. Ela então deverá passar por vários ritos de purificação para afastar os perigos de doença ou, talvez, a própria morte.

Ora, o Egum é a materialização da morte sob as tiras de pano, e o contato, ainda que um simples esbarrão nessas tiras, é prejudicial. E mesmo os mais qualificados sacerdotes - como os ojé atokun, que invocam, guiam e zelam por um ou mais Eguns - desempenham todas essas atribuições substituindo as mãos pelo ixã.

Os Egum-Agbá (ancião), também chamados de Babá-Egum (pai), são Eguns que já tiveram os seus ritos completos e permitem, por isso, que suas roupas sejam mais completas e suas vozes sejam liberadas para que eles possam conversar com os vivos. Os Apaaraká são Eguns mudos e suas roupas são as mais simples: não têm tiras e parecem um quadro de pano com duas telas, uma na frente e outra atrás. Esses Eguns ainda estão em processo de elaboração para alcançar o status de Babá; são traquinos e imprevisíveis, assustam e causam terror ao povo.

O eku dos Babá são divididos em três partes: o abalá, que é uma armação quadrada ou redonda, como se fosse um chapéu que cobre totalmente a extremidade superior do Babá, e da qual caem várias tiras de panos coloridas, formando uma espécie de franjas ao seu redor; o kafô, uma túnica de mangas que acabam em luvas, e pernas que acabam igualmente em sapatos; e o banté, que é uma tira de pano especial presa no kafô e individualmente decorada e que identifica o Babá.

O banté, que foi previamente preparado e impregnado de axé (força, poder, energia transmissível e acumulável), é usado pelo Babá quando está falando e abençoando os fiéis. Ele sacode na direção da pessoa e esta faz gestos com as mãos que simulam o ato de pegar algo, no caso o axé, e incorporá-lo. Ao contrário do toque na roupa, este ato é altamente benéfico. Na Nigéria, os Agbá-Egum portam o mesmo tipo de roupa, mas com alguns apetrechos adicionais: uns usam sobre o alabá mascaras esculpidas em madeira chamadas erê Egúngúm; outros, entre os alabá e o kafô, usam peles de animais; alguns Babá carregam na mão o opá iku e, às vezes, o ixã. Nestes casos, a ira dos Babás é representada por esses instrumentos litúrgicos.

Existem várias qualificações de Egum, como Babá e Apaaraká, conforme sus ritos, e entre os Agbá, conforme suas roupas, paramentos e maneira de se comportarem. As classificações, em verdade, são extensas.

Nas festas de Egúngúm, em Itaparica, o salão público não tem janelas, e, logo após os fiéis entrarem, a porta principal é fechada e somente aberta no final da cerimônia, quando o dia já está clareando. Os Eguns entram no salão através de uma porta secundária e exclusiva, único local de união com o mundo externo.

Os ancestrais são invocados e eles rondam os espaços físicos do terreiro. Vários amuxã (iniciados que portam o ixã) funcionam como guardas espalhados pelo terreiro e nos seus limites, para evitar que alguns Babá ou os perigosos Apaaraká que escapem aos olhos atentos dos ojés saiam do espaço delimitado e invadam as redondezas não protegidas.

Os Eguns são invocados numa outra construção sacra, perto mas separada do grande salão, chamada de ilê awo (casa do segredo), na Bahia, e igbo igbalé (bosque da floresta), na Nigéria. O ilê awo é dividido em uma ante-sala, onde somente os ojé podem entrar, e o lèsànyin ou ojê agbá entram.

Balé é o local onde estão os idiegungum, os assentamentos - estes são elementos litúrgicos que, associados, individualizam e identificam o Egum ali cultuado - , e o ojubô-babá, que é um buraco feito diretamente na terra, rodeado por vários ixã, os quais, de pé, delimitam o local.

Nos ojubô são colocadas oferendas de alimentos e sacrifícios de animais para o Egum a ser cultuado ou invocado. No ilê awo também está o assentamento da divindade Oyá na qualidade de Igbalé, ou seja, Oyá Igbalé - a única divindade feminina venerada e cultuada, simultaneamente, pelos adeptos e pelos próprios Eguns.

No balé os ojê atokun vão invocar o Egum escolhido diretamente no assentamento, e é neste local que o awo (segredo) - o poder e o axé de Egum - nasce através do conjunto ojê-ixã/idi-ojubô. A roupa é preenchida e Egum se torna visível aos olhos humanos.

Após saírem do ilê awo, os Eguns são conduzidos pelos amuxã até a porta secundária do salão, entrando no local onde os fiéis os esperam, causando espanto e admiração, pois eles ali chegaram levados pelas vozes dos ojê, pelo som dos amuxã, brandindo os ixã pelo chão e aos gritos de saudação e repiques dos tambores dos alabê (tocadores e cantadores de Egum). O clima é realmente perfeito.

O espaço físico do salão é dividido entre sacro e profano. O sacro é a parte onde estão os tambores e seus alabê e várias cadeiras especiais previamente preparadas e escolhidas, nas quais os Eguns, após dançarem e cantarem, descansam por alguns momentos na companhia dos outros, sentados ou andando, mas sempre unidos, o maior tempo possível, com sua comunidade. Este é o objetivo principal do culto: unir os vivos com os mortos.

Nesta parte sacra, mulheres não podem entrar nem tocar nas cadeiras, pois o culto é totalmente restrito aos homens. Mas existem raras e privilegiadas mulheres que são exceção, como se fosse a própria Oyá; elas são geralmente iniciadas no culto dos orixás e possuem simultaneamente oiê (posto e cargo hierárquico) no culto de Egum - estas posições de grande relevância causam inveja à comunidade feminina de fiéis. São estas mulheres que zelam pelo culto, fora dos mistérios, confeccionando as roupas, mantendo a ordem no salão, respondendo a todos os cânticos ou puxando alguns especiais, que somente elas têm o direito de cantar para os Babá. Antes de iniciar os rituais para Egum, elas fazem uma roda para dançar e cantar em louvor aos orixás; após esta saudação elas permanecem sentadas junto com as outras mulheres. Elas funcionam como elo de ligação entre os atokun e os Eguns ao transmitir suas mensagens aos fiéis. Elas conhecem todos os Babá, seu jeito e suas manias, e sabem como agradá-los.

Este espaço sagrado é o mundo do Egum nos momentos de encontro com seus descendentes. Assistência está separada deste mundo pelos ixã que os amuxã colocam estrategicamente no chão, fazendo assim uma divisão simbólica e ritual dos espaços, separando a "morte" da "vida". É através do ixã que se evita o contato com o Egun: ele respeita totalmente o preceito, é o instrumento que o invoca e o controla. às vezes, os mariwo são obrigados a segurar o Egum com o ixã no seu peito, tal é a volúpia e a tendência natural de ele tentar ir ao encontro dos vivos, sendo preciso, vez ou outra, o próprio atokun ter de intervir rápida e rispidamente, pois é o ojê que por ele zela e o invoca, pelo qual ele tem grande respeito.

O espaço profano é dividido em dois lados: à esquerda ficam as mulheres e crianças e à direita, os homens. Após Babá entrar no salão, ele começa a cantar seus cânticos preferidos, porque cada Egum em vida pertencia a um determinado orixá. Como diz a religião, toda pessoa tem seu próprio orixá e esta característica é mantida pelo Egum. Por exemplo: se alguém em vida pertencia a Xangô, quando morto e vindo com Egum, ele terá em suas vestes as características de Xangô, puxando pelas cores vermelha e branca. Portará um oxê (machado de lâmina dupla), que é sua insígnia; pedirá aos alabês que toquem o alujá, que também é o ritmo preferido de Xangô, e dançará ao som dos tambores e das palmas entusiastas e excitantemente marcadas pelo oiê femininos, que também responderão aos cânticos e exigirão a mesma animação das outras pessoas ali presentes.

Babá também dançará e cantará suas próprias músicas, após ter louvado a todos e ser bastante reverenciado. Ele conversará com os fiéis, falará em um possível iorubá arcaico e seu atokun funcionará como tradutor. Babá-Egum começará perguntando pelos seus fiéis mais freqüentes, principalmente pelos oiê femininos; depois, pelos outros e finalmente será apresentado às pessoas que ali chegaram pela primeira vez. Babá estará orientando, abençoando e punindo, se necessário, fazendo o papél de um verdadeiro pai, presente entre seus descendentes para aconselhá-los e protegê-los, mantendo assim a moral disciplina comum às suas comunidades, funcionando como verdadeiro mediador dos costumes e das tradições religiosas e laicas.

Finalizando a conversa com os fiéis e já tendo visto seus filhos, Babá-Egum parte, a festa termina e a porta principal é aberta: o dia já amanheceu. Babá partiu, mas continuará protegendo e abençoando os que foram vê-lo.
oloje iku ike obarainan




Esta é uma breve descrição de Egúngúm, de uma festa e de sua sociedade, não detalhada, mas o suficiente para um primeiro e simples contato com este importante lado da religião. E também para se compreender a morte e a vida através das ancestralidades cultuadas nessas comunidades de Itaparica, como um reflexo da sobrevivência direta, Cultural e Religiosa dos Iorubanos da Nigéria.
oloje iku ike obarainan
O PAÓ NÃO É UMA SUBMISSÃO E SIM UMA COMUNICAÇÃO.

O paó na língua Yorubá quer diz (bater palmas). Nos ritos do Candomblé é indispensável o Paó no início e término ou em seu encerramento. Assim como a palavra, o som emanado das palmas batidas dos punhos, a baqueta percutindo no couro dos atabaques, a vareta batendo no corpo do agogo, o pêndulo batendo no interior do àdjá são condutores do poder do àse. O ato de bater Paó não é uma submissão e sim uma interação, comunicação, harmonia e integração com as energias. Os três primeiras sons rítmicos representam o Orixá interior (àrá), Orixá do assentamento (àiyé) e o Orixá da natureza (òrun); seguido por seis sons curtos, num total de nove, fazendo alusão aos nove Orun (mensan orun). Òrun Rere. Espaço reservado para aqueles que foram bons durante a vida. Òrun Alàáfià. Espaço de paz e tranquilidade. Òrun Funfun. Òrun do branco e da pureza. Òrun Bàbá Eni. Òrun do pai das pessoas. Òrun Aféfé. Espaço da aragem. Òrun Ìsàlú ou Àsàlú. Local de julgamentos. Òrun Àpáàdì. Reservado para casos de impossíveis de reparações. Òrun Burúkú. Espaço ruim, reservado para as pessoas más. Orun Mare. Espaço para aqueles que permanecem, tem autoridade absoluta sobre tudo o que há no céu e na terra e são incomparáveis e absolutamente perfeitos, os supremos em qualidades e feitos, reservado à Olodumare, Olorun e todos os Orixás e divinizados. O Paó é a essência da vida, também a permanência dentro da impermanência e impermanência na permanência. O ciclo vital, que não muda com o transcorrer da eternidade. O ato de bater Paó é a garantia que a infinita e generosa oferta que a natureza nos faz, desde que saibamos reverencia-la e louva-la.
O ato de bater palma está sendo ignorado por quase todos os filhos e adeptos nos ritos sagrado de uma casa de axé. Este ato tão simples, mas de grande importância para o Povo do Santo tem sido substituído por braços cruzados e bocas torcidas, prejudicado aos que ignoram o poder das mãos. Quando tocadas uma na outra, no atabaque, gan, adjá e xequere a harmonia e conforto interior são imediatos, pois usamos as mãos para entrar em sintonia com o Orixá interior e da natureza. As mãos tem cinco dedos, a mesma quantidade dos cinco sentidos e quando batemos palmas, desencadeamos um poder vibratório capaz de eliminar todas as tristezas, angustias, doenças e ao mesmo tempo, canalizamos a energia do amor, paz, alegria, saúde e longevidade, sem contar a alegria que todos orixás sentem em receber uma palma de um ser humano. As mãos são sagradas em todos os sentidos, tanto para dar e para receber, abençoar, acolher, acariciar, colocar o axé, retirar o ajé, para alimentar o outro, cuidar do sagrado, para jogar os búzios e quando temos um acidente ou qualquer parte do corpo dói, elas vão direto ao local de dor para controlar e curar. Por esta razão a procura de uma boa mão no universo do Candomblé seja tão procurada, pois é o mais significativo para seus crentes e adeptos. A mão de um Pai ou mãe de Santo é tão importante quanto o conhecimento e a sabedoria, pois sem uma boa mão não existe prosperidade nem equilíbrio na vida de seus filhos. Só uma boa mão desperta o sexto sentido e transforma a vida para melhor.
oloje iku ike obarainan
Culto a Guelede, Ìyá Mi Osorongà, ajé xaluga, opaoca, Yamin, oxoronga, o passaro sagrado as mães ancestrais
Significa todo um processo de equilíbrio e de harmonia. Para se entender bem tal relação, se faz necessário situar as mulheres do ritual G È L È D È , que representam o culto às ÌYÁMÌ, as grandes mães ancestrais, encabeçadas por:Nàná ,Y e m o ja Odùa, Òs un Ijimu, Òs un Ìyánlá,Yewa e O ya. ODÙA simboliza a grande representante do princípio feminino, sendo o elemento responsável por todo o poder criador, do poder das mulheres, liderando o movimento das ÌYÁMÌ, grandes mães ancestrais, que tudo criaram, transformaram e transmutaram desde o princípio dos princípios da formação do universo.
A sociedade G È L È D È S, que já existiu no Brasil, é um ritual de mulheres que vestem panos coloridos – diferentes panos mostrando diferentes procedências. São as diferentes raízes que as pessoas podem ter na maternidade. A máscara È F É -G È L È D È que cobre a cabeça da mulher vai representar o mistério, o maravilhoso, na cultura negra. O uso da máscara significa o símbolo de outro espaço, um espaço vivo, um espaço invisível que não se conhece, mas sente-se!
No Brasil esta sociedade existiu, sua ultima sacerdotisa suprema foi O m ó ník é Ìyálóde-Erelú que tinha o nome católico Maria Julia Figueiredo, uma das Ìyálà se do Il è Ìyá-Nàsó , com sua morte cessaram-se as festividades , que eram realizadas no bairro da Boa Viagem. O propósito da sociedade G È L È D È é propiciar os poderes míticos das mulheres, cuja a boa vontade deve ser cultivada porque é essencial a continuidade da vida para esta sociedade.
Sem o poder feminino, sem o princípio de criação não brotam plantas, os animais não se reproduzem, a humanidade não tem continuidade. Assim, o princípio feminino é o princípio da criação e preservação do mundo: sem a mulher não existe vida, sendo, segundo os mitos, ser reverenciada e respeitada pelos orixás e pelos homens.
As G È L È D È e suas máscaras se tornam uma metáfora, sendo uma linguagem para a mãe natureza. O G È L È é um símbolo das G È L È D È porque personifica o útero, pois ele carrega as crianças e as protege. Através das Ìyámì (mães ancestrais) a arte das máscaras é usada para aglutinar as pessoas que se relacionam como filhos de uma mesma mãe, fazendo com que o espírito se manifeste através desta máscara, seguindo e alimentando o espírito humano. Representam o não uso da violência para resolver questões. Nas culturas negras a mulher está presente em todos os lugares.
As máscaras tem grande importância na vida religiosa, social e política da comunidade, mostrando as diferentes categorias de mulher:
– mulher secreta – ligada ao divino, serve como passagem e receptáculo do sagrado no mundo dos vivos, por gerar frutos.
-mulher símbolo político – não usa violência para resolver as questões, aglutinando as pessoas, vivendo o cotidiano.
– mulher sagrada – símbolo de todos os tempos, pois está virada para o futuro, sempre vulnerável e frágil, mas é aquela que abre o céu ( Ò run) e deixa lugar para a mudança, o futuro, e para a transformação.
A sexualidade da mulher negra faz parte da sua essência de princípio feminino, sendo muitos os mitos que representam a função e o papel mulher vista como útero fecundado, cabaça que contem e é contida, responsável pela continuidade da espécie e pela sobrevivência da comunidade. Não se encontra pecado nesta sexualidade.
Através das ÌYÁ as comunidades – terreiros se constituam num verdadeiro sistema de alianças. Desde a simples condição de irmão de santo até a mais complexa organização hierárquica, há o estabelecimento de um parentesco comunitário, como uma recriação das linhagens e da família extensiva africana. Os laços de sangue são substituídos pelos de participação na comunidade, de acordo com a antigüidade, as obrigações e a linhagem iniciática. Todos estão unidos por laços de iniciação às divindades cultuadas, aos demais iniciados, às autoridades, aos antepassados e aos ancestrais da comunidade.
Através do rito se tem todo um sentido de manifestação das mulheres do grupo: rodando, dançando, se integrando com o cosmos, mostrando que temos consciência de que somos elementos dinâmicos, de que o movimento da roda – já que as mulheres são os elementos que dançam em círculo – representa o altar da criação, da vida, já que a terra está em movimento, o universo está em movimento e só se conseguirá estar em sintonia com o universo através do movimento.
G È L È D È é originalmente uma forma de sociedade secreta feminina de caráter religioso, existente nas sociedades tradicionais yorubás , que expressam o poder feminino sobre a fertilidade da terra, a procriação e o bem estar da comunidade.
O culto Gèlèdè visa apaziguar e reverenciar as mães ancestrais para assegurar o equilíbrio do mundo. As principais representações do culto também nos fala um itòn de òséyèkú, que obàtálá e odù logbojé são uma única coisa e no culto a Obàtálá, Ò s òrongà é diretamente participante , o próprio it ò n nos fala: “tudo aquilo que o homem vier a conseguir na terra, o será através das mãos das mulheres . esta é uma tradição do culto a Obàtálá, pela relação direta de Y e m o ja Odùa. – ìtòn òsá méjì ( o mito da roupa de Éégún)- quanto ao culto È f é -G è l è d è , os homens participam , até nas chamadas “incorporações”- dàpò sòkan – e uma das principais diferenças, estão nas próprias danças rituais, quando “feminina” e lenta e nobre, quando “a masculina” é firme e agressiva, e cabe aos òsò de Òò s ààlà’ esta função.- Seja ako, baká, mundiá, tetedè, okunriu, onilu e “às outras” .
Mas quando se trata da essência da filosofia, na relação Obàtálá (símbolo da ancestralidade masculina) e, Y e m o ja Odùa – (Ò s òròngà – símbolo da ancestralidade feminina) como uma relação perfeita, trazida por Òsé-òyèkú , e também pela relação de ambos com Ikú.
O culto anual de È f é -G è l è d è , originário da cidade de Ketu no décimo quarto século, é organizado no começo da estação agricultural exatamente por uma importante questão dentro da cultura Yorùbá – a Fertilidade. Este culto se organiza da seguinte forma- sua parte diurna é exatamente G è l è d è e sua parte noturna é È f é ( o pássaro ). Os dançarinos são homens, contudo representam homens e mulheres em suas representações.
Isto prova que o culto das G è l è d è não é vetado aos Homens.
Quando Odùa viu Éégún andando e falando,
percebeu que foi O barì s à quem tornou isto possível. Ela reverenciou e prestou homenagem a Éégún e a O barì s à,conformando-se com a vitória dos homens e aceitando para si a derrota. Ela mandou então seu poderoso pássaro pousar em Éégún, e lhe outorgou o poder: tudo o que Éégún disser acontecerá.Odùa retirou-se para sempre do culto de Egúngún, e partiu para partir o culto G è l è d è .Só e l é iy e , indicara seu poder e marcara a relação entre Egúngún e Ìyámí.
” Gbogbo agbára ti Egúngún si nlò agbára e l é iy e ni.”
(Todo o poder que utilizara Egúngún é o poder do pássaro)
O conjunto homem-mulher dá vida a Egúngún (ancestralidade) mas restringe seu culto aos
homens,os quais, todavia, prestam homenagem às mulheres, castigadas por Olódúnmarè através dos abusos de Odùa.
Também por esta razão é que as mulheres mortas são cultuadas coletivamente e somente os homens têm direito à individualidade,através do culto de Egúngún.
AS SENHORAS DO PÁSSARO DA NOITE
Iyami Oshorongá é o termo que designa as terríveis ajés, feiticeiras africanas, uma vez que ninguém as conhece por seus nomes. As Iyami representam o aspecto sombrio das coisas: a inveja, o ciúme, o poder pelo poder, a ambição, a fome, o caos o descontrole. No entanto, elas são capazes de realizar grandes feitos quando devidamente agradadas. Pode-se usar os ciúmes e a ambição das Iyami em favor próprio, embora não seja recomendável lidar com elas.
O poder de Iyami é atribuído às mulheres velhas, mas pensa-se que, em certos casos, ele pode pertencer igualmente a moças muito jovens, que o recebem como herança de sua mãe ou uma de suas avós.
Uma mulher de qualquer idade poderia também adquiri-lo, voluntariamente ou sem que o saiba, depois de um trabalho feito por alguma Iyami empenhada em fazer proselitismo.
Existem também feiticeiros entre os homens, os oxô, porém seriam infinitamente menos virulentos e cruéis que as ajé (feiticeiras).
Ao que se diz, ambos são capazes de matar, mas os primeiros jamais atacam membros de sua família, enquanto as segundas não hesitam em matar seus próprios filhos. As Iyami são tenazes, vingativas e atacam em segredo. Dizer seu nome em voz alta é perigoso, pois elas ouvem e se aproximam pra ver quem fala delas, trazendo sua influência.
Iyami é freqüentemente denominada eleyé, dona do pássaro. O pássaro é o poder da feiticeira; é recebendo-o que ela se torna ajé. É ao mesmo tempo o espírito e o pássaro que vão fazer os trabalhos maléficos.
Durante as expedições do pássaro, o corpo da feiticeira permanece em casa, inerte na cama até o momento do retorno da ave. Para combater uma ajé, bastaria, ao que se diz, esfregar pimenta vermelha no corpo deitado e indefeso. Quando o espírito voltasse não poderia mais ocupar o corpo maculado por seu interdito.
Iyami possui uma cabaça e um pássaro. A coruja é um de seus pássaros. É este pássaro quem leva os feitiços até seus destinos. Ele é pássaro bonito e elegante, pousa suavemente nos tetos das casas, e é silencioso.
“Se ela diz que é pra matar, eles matam, se ela diz pra levar os intestinos de alguém, levarão”.
Ela envia pesadelos, fraqueza nos corpos, doenças, dor de barriga, levam embora os olhos e os pulmões das pessoas, dá dores de cabeça e febre, não deixa que as mulheres engravidem e não deixa as grávidas darem à luz.
As Iyami costumam se reunir e beber juntas o sangue de suas vítimas. Toda Iyami deve levar uma vítima ou o sangue de uma pessoa à reunião das feiticeiras. Mas elas têm seus protegidos, e uma Iyami não pode atacar os protegidos de outra Iyami.
Iyami Oshorongá está sempre encolerizada e sempre pronta a desencadear sua ira contra os seres humanos. Está sempre irritada, seja ou não maltratada, esteja em companhia numerosa ou solitária, quer se fale bem ou mal dela, ou até mesmo que não se fale, deixando-a assim num esquecimento desprovido de glória. Tudo é pretexto para que Iyami se sinta ofendida.
Iyami é muito astuciosa; para justificar sua cólera, ela institui proibições. Não as dá a conhecer voluntariamente, pois assim poderá alegar que os homens as transgridem e poderá punir com rigor, mesmo que as proibições não sejam violadas. Iyami fica ofendida se alguém leva uma vida muito
virtuosa, se alguém é muito feliz nos negócios e junta uma fortuna honesta, se uma pessoa é por demais bela ou agradável, se goza de muito boa saúde, se tem muitos filhos, e se essa pessoa não pensa em acalmar os sentimentos de ciúme dela com oferendas em segredo. É preciso muito cuidado com elas.
E só Orunmilá consegue acalmá-la.
Òs un :Grande protetora da gestação, é a Ìyámí-Àkókó, mãe ancestral suprema.
Òs un Ìjimu e Ìyánla:A duas mais velhas Òs un, são as duas ancestrais das mulheres.
Nàná: patrona da lama e dos primórdios da criação do Àiyé,é a O m o Àtìóro oké O fa.
O ya e Yewa:são todas Ìyá- E l é y e possuidoras da cabaça com pássaro símbolo do poder
feminino.
Olórí ìyá-àgbà Àj é E l é y e ,chefe supremo de nossas mães ancestrais possuidoras d pássaros.
Ògágun ati Ò gájùlo ninu awon ìyámí ò s
òròngà.chefe supremo,comandante entre todas as Ìyámí.
Òrúnmìlà:Este foi o único òrì s à que quando as ìyámí estavam zangadas conseguiu apaziguar sua fúria e desta forma salvou o àiyé e
restabeleceu a Harmonia,entre os Homens e Mulheres.
Toda mulher é uma Aj é,porque as Ìyámí
controlam o sangue menstrual elas representamos poderes místicos das mulheres no seu aspecto mais perigoso.São as Avós,as mães em cólera que em sua boa vontade a
própria vida na terra não teria continuidade
Ìtàn do Odù Ò sá Méjì
* Odùa TORNA-SE Ìyámí *
Nos primórdios da criação,Olódùmarè, o Ser Supremo que vive no Ò run,mandou vir ao àiyé (universo conhecido) três divindades:Ògún (senhor do ferro),O barì s à (senhor da criação dos homens) (2 -Um dos òrìsà funfun, sto é,òrì s à que têm como principal preceito o uso do branco nos ritos e nas oferendas) e Odùa(Y e m o ja), a única mulher entre eles.Todos eles
tinham poderes,menos ela, que se queixou então a Olódúnmarè.
Este lhe outorgou o poder do pássaro contido numa cabaça (ìgbá e l é y e ) e ela se tornou então,através do poder emanado de Olódùmarè, Iyá Won,nossa mãe para eternidade (também chamada de Ìyámí Ò s òròngà,minha mãe Òshòròngà)
Mas Olódùmarè a preveniu de que deveria usar este grande poder com cautela sob pena de ele mesmo repreendê-la.
” Olódùmarè diz qual é o seu poder?
Ele diz: você será chamada para sempre de Mãe de todos.
Ele diz:você dará continuidade.
Olódùmarè lhe entrega o poder.
Ele entrega o poder de e l é iy e para ela.
Ela recebe,o pássaro de Olódùmarè.
Ela,recebe,então,o poder que utilizara com ele.
Ele diz:utilize com calma o poder que eu te dei a você.
Se você utilizar com violência,ele o retomara.
Porque aquela que recebeu o poder se chamar Odù.
O homem não poderá fazer nada sozinho na
ausência da mulher”
“Lati ìgbá náà ni Olódùmarè ti fun obirin l’à se”
(Desde aquela época,Olódùmarè outorgou axé as mulheres)
Elas exerciam todas as atividades secretas:
“O mú Éégún jáde
O mú Orò jáde
Gbogbo nkan,kò si ohun ti ki se nigba náà”
(Ela conduz Egun
Ela conduz Orò
todas as coisas,não ha nada que ela não faça nesse tempo)
Mas ela abusou do poder do pássaro.Preocupado e humilhado,O barì s à foi até Òrúnmìlà fazer o jogo de Ifá,e ele o ensinou como conquistar
apaziguar e vencer Odùa,através de sacrifícios,oferendas( e b o com ìgbín e pas ò n Haste de Àtòrì) e astúcia.
Ele lhe oferta e ela negligentemente, aceita,a carne dos ìgbín.
“Odù náà gba omi ìgbín,o mu ú
Nigbati Odù mu omi ìgbín tán ,inú Odù nr ò di e di e “
(Odù recebe a água de caracol para beber,
quando odù bebeu,o ventre de Odù se
apaziguou)
O barì s à e Odùa foram viver juntos.Ele então lhe revelou seus segredos e,após algum tempo,
ela lhe contou os seus, inclusive que cultuava
Éégún.Mostrou-lhe a roupa de Éégún,o qual não tinha corpo,rosto nem tampouco falava.Juntos eles cultuaram Éégún.
Aproveitando um dia quando Odùa saiu de casa, ele modificou e vestiu a roupa de Egúngún.Com um bastão na mão (opa),O barì s à foi à cidade (o fato de Éégún carregar um bastão revela toda a sua ira) e falou com todas as pessoas.
Na dança feminina G è l è d è é poderosa e contida, entretanto, na dança masculina é violenta e agressiva.Os nomes citados são os próprios nomes das 9 principais G è l è d è em sua ordem de entrada na praça do mercado, pois este culto , e na verdade todos de acordo com a direção da cabaça de Odù que vai ser desperta( òséyèkú) deveriam ser feitos ao livre como nos ensina o antigo culto à Olòrun. Akò,Baká,Mundiá,Tetedè,Okunriu,Onilu,Isa-orò,Alopajanja-eledè e Woogbáwoobaarsan )
Sendo assim, é exatamente no conhecimento deste culto que podemos perceber que os homens principalmente os “òsò” participam de toda uma enorme variedade de fundamentos do culto na sociedade Ò s òròngà, pois se assim não o fosse, como explicar o tabu de que as mulheres não podem olhar Odù ( ìtòn irètégbè ), como entender que são os Bàbáláwo – filhos de Òrúnmílá que entregam as cabaças com os pássaros as mulheres iniciadas no culto à Ò s òròngà ( itòn irèté méjì )
“ È f é “são as máscaras rituais que simbolizam o espírito das ancestrais femininas e os diferentes aspectos de seu poder sobre a terrasimbolizados pelos pássaros.
As orixás femininas cultuadas nos candomblés brasileiros representam aspectos socializados deste poder conforme a visão de mundo negro africana segundo a qual homens e mulheres se equivalem e controlamdeterminadas forças da natureza Porém a continuidade da vida sobre a terra, atributo eminentemente feminino nesta tradição é reverenciado de modo especial.
Por isso O barì s à o grande ancestral masculino canta:
“E kúnl è o, e Kúnl è f’obinrin o
E obinrin l’ó bí wa, k’àwa tó d’enia
Ogbon àiyé t’obinrin ni, e kúnl è f’obinrin
E obinrin l’o bí wa o, k’àwa tó d’enia”
(Ajoelhem-se para as mulheres.A mulher nos colocou no mundo,nós somos seres humanos
A mulher é a inteligência da terra. A mulher nos colocou no mundo,nós somos seres humanos).
ÌYÁMÍ Ò S ÒRÒNGÀ
O f ó ( Encantamento)
Mo júbà ènyin ÌYÁMÍ Ò S ÒRÒNGÀ.
(Meus Respeitos a Vós Minha Mãe OXORONGA!)
Mo júbà è nyin Ìyámí Ò s òròngà
O T ò n ó n È j è e nun
O T òo k ó n è j è è d ò
Mo júbà è nyin Ìyámí Ò s òròngà
O T ò n ó n È j è e nun
O T òo k ó n è j è è d ò
È j è ó yè ní Kál è o
Ó yíyè, yíyè, yèyé kòkò
È j è ó yè ní Kál è o
Ó yíyè, yíyè, yèyé kòkò (Meus respeitos a vós minha mãe Oxoronga)
Vós que seguíeis os rastros do Sangue interior.
Vós que seguíeis os rastros do sangue do coração e do sangue do fígado.
Meus respeitos a vós minha mãe Oxoronga
Vós que seguíeis os rastros sangue interior
Vós que seguíeis os rastros do sangue do coração e do fígado
O sangue vivo que é recolhido pela terra cobre-se de fungos,e ele sobrevive, sobrevive ó mãe muito velha o Sangue vivo que é recolhido pela terra cobre-se de fungos e ele sobrevive,ó mãe muito velha)
Ìyámì Ò s òròngá não é um orixá, mas sim uma energia ancestral coletiva feminina, cultuada pelas GÈLÈDÈ; sociedade feminina fechada da Ìyámì El é ey e (minha mãe senhora dos pássaros), representada pela máscara dos pássaros. A sociedade Ò s òròngá congrega as àj é–feiticeiras que têm poderes de se
transformarem em determindos pássaros è hurù, e luùlú,àtióro,àgbìgbò e ò s òròngà ,este ultimo refere-se ao próprio som que a ave emite e da nome a Sociedade. Exercem sua força máxima nos horários mais críticos – meio-dia e meia-noite – ocasiões em que é preciso muita cautela para que elas não pousem na cabeça de ninguém.
Suas cerimônias são realizadas no início da
estação do plantio relacionado à fertilidade.
Estas cerimônias tiveram início na região de Ketú, dividindo-se em duas partes a diurna e anoturna. Segundo nos conta um ìtàn do Odù Ogbé Ò sá , diz que quando as Ìyámìs chegaram do Ò run pousaram em sete árvores.
Segundo um Ìt ò n as 7 ávores das Ìyámìs seriam:
Orobo – Garcinea Cola
Àjànrèré – Ficus Elegans
Iroko – Chlorophora Excelsis
Orò – Antiaris Africana
Ogun Bereké – Delonex Régia
Arere – Triplochiton Nigericum
Igi ope – Elaeis Guineensis
Porém outra ìtàn nos da outra apresenta uma relação diferente das sete árvores estas seria as árvores sagradas das Mães Ancestrais:
Ose – Adansanonia Digitalia
Iroko – Chlorophora Excelsis
Ìyá – Daniellia Olivieri
Asunrin – Erythrophelum Guineense
Obobo – Não identificada
Iwó – Não identificada
Arere – Triplochiton Nigericum
A contrario do que se pensa aqui no Brasil existe sim a presença masculina no culto a ìyámí.
São detentoras de poderes terríveis,consideradas as donas da barriga(por onde circularia a energia vital do corpo) Ninguém pode com seus E b o,dos quais, o Òjijì (sombra) é o mais fatal.São ligadas diretamente ao ODU ÒYEKU MEJI, são
propiciadoras para a alteração do destino de uma pessoa. Seus poderes são tamanhos que só se consegue no máximo apaziguá-las,vence-las jamais.Relacionam-se com as ìyámìs Òs un Ijumu e Òs un Ìyánlá a quem estão ligadas pela ancestralidade feminina, bem como a Y e m o ja Odúa, considerada fundadora do culto G È L È D È.
Deve-se lembrar portanto, que “òsò” é um título de quem trás o Égan (símbolo de È s ù o qual
foi dado através das mãos de Ò s òròngà( it ò n ò s éòtúrá )e mesmo assim se foi iniciado no tradicional culto de `Obàtálá /Y e m o ja Odùa e ainda tiver profunda relação com Ikú,através de algumas se suas principais ònifás,como Òyèkú méjì,Òbàrà méjì,Òtúrúpòn méjì e algumas outras poucas.O sangue( è j è )não é de nenhum Òrì s à a não ser de Ò s òròngà como vemos no Oriki ( è j è ó yè ní kál è o – o sangue fresco que recolhe na terra cobre-se de fungos )
Afirma a tradição que as Ìyámí segue o rastro do sangue do fígado e do coração, isto se deve por os chamados À se das oferendas são de Ò s òròngà! estes orgãos se classificam em comportamentos Ofú (aqueles que produzem a fazem circular a energia no corpo) estômago,
bexiga,vesícula biliar,intestino grosso e o intestino delgado,como também em comportamentos Osa (coração,pulmões,rins,
fígado e baço – pâncreas) Estes detalhes são importantíssimos no culto à Ò s òrongà e principalmente no culto È f é -G è l è d è ainda mais se falamos do sacrifício de e l é d é (porco )
Relacionam -se com Ò s òròngà:
È s ù : somente com sua ajuda é que conseguimos a comunicação com as Ìyámí,além de ser a prova viva do poder das Ìyámís.
Ògún: o senhor da cabaça de èédú (carvão) – onà iwó oòrùn (caminho do oeste) é bem mais íntimo de Ò s òròngà,se não fosse ele o senhor do sagrado ato da oferenda de animais,
juntamente com È s ù e Ò s òròngà .
Y e m o ja Odùa* :(Yemòwo) Grande Ìyá, Senhora do ìgbá- e y e (cabaça dos pássaros) é a Ìyá’nlá seu nome é modificação da palavra Odù Logboje, a mulher primordial, também denominada E l e yinjú E g é ,a dona dos olhos delicados fazendo parte das divindadesgeradoras representada pelo Preto, fundadora do culto e sociedade G è l è d è.
Segundo os mitos da tradição afro-descendente, já que o mito é o discurso em que se fundamentam todas as justificativas da ordem e da contra-ordem social negra, a luta pela supremacia entre os sexos é constante, simbolizada na ìgbá-dù (cabaça da criação), já que o òrì s à Y e m o ja Odùa, princípio feminino de onde tudo se cria – representação coletiva das Ìyámí ou mães ancestrais, é a metade inferior da cabaça e Obatálá ou Òòsààlà, princípio masculino, a metade superior. A relação Odùa/Obatalá, entendida simbolicamente, não representa uma simples relação de acasalamento do princípio feminino com o masculino.
Há um princípio de completude do outro, de que a vida se constrói de mãos dadas e de que cada um de nós à medida em que estabelece esta relação, estabelece um elo mais completo com as coisas que estão à volta.
oloje iku ike obarainan
NAÇÃO JEJE, VODUNS
A diferença entre Voduns e Orixás, dá-se basicamente em Vodum é
Vodum, Orixá é Orixá. Oya não é Vodum Jô, Aziri não é Oxum, Naetê não
é Yemanja, e assim por diante.
Assim como na África, também fazemos Orixás dentro dos templos de
Vodum, mas isso não os transforma em Voduns, eles são considerados
deuses estrangeiros, aceitos em nossos templos. Esses Orixás são tão
respeitados e venerados quanto os Voduns. Não existe discriminação
nenhuma em relação aos dois deuses (Voduns/Orixás).
Em templos de Orixás, também encontramos Voduns feitos, a única
diferença é que no Jeje, não mudamos os nomes dos Orixás. Para nós
Oya, Yansã são conhecida exatamente como Oya, Yansã. Já os Voduns em
templos de Orixás mudam de nome, por exemplo, Vodum Dan/Bessen recebe
o nome de Oxumarê, Sakpata recebe o nome de Omolu, etc. Esse
diferença também é registrada na Nigéria, então, não é uma atitude
iniciada aqui no Brasil.
Os Voduns são agrupados por famílias: Savaluno, Dambirá, Davice,
Hevioso, que se subdividem em linhagens. A sociedade daomeana é
patrilinear e polígena, isto é, dá-se por linha paterna; o homem é
casado com diversas mulheres. A sociedade organiza-se em sibs, grupos
de irmãos que têm a mesma mãe e o mesmo pai, sem base territorial
própria e subdividem-se em famílias.
Nomes dos Deuses Voduns:
*Ayzan - Vodun da nata da terra
*Sogbô - Vodun do trovão da família de Heviosso
*Aguê - Vodun da folhagem
*Loko - É o primogênito dos voduns.dono da joia de mahi que e o
rungbe,vodun do tempo
*Mawu é o Ser Supremo dos povos Ewe e Fon.
*Lissá, que é masculino, e também co-responsável pela Criação.
*Gu, Vodun dos metais, guerra, fogo, e tecnologia.
*Heviossô, Vodun que comanda os raios e relâmpagos.
*Sakpatá, Vodun da varíola.
*Dan, Vodun da riqueza, representado pela serpente do arco-íris.
*Agué, Vodun da caça e protetor das florestas.
*Agbê, Vodun dono dos mares.
*Ayizan, Vodun feminino dona da crosta terrestre e dos mercados.
*Agassu, Vodun que representa a linhagem real do Reino do Daomé.
*Aguê, Vodun que representa a terra firme.
*Legba, O caçula de Mawu e Lissá, e representa as entradas e saídas e
a sexualidade.
*Fa , Vodun da adivinhação e do destino.
*Aziri , vodun das aguas doces.
*Possun , vodun do po e da terra seca representado pelo tigre.
*Buku, Vodun associada à terra, à água e à lama. Os pântanos e as
águas lodosas são o seu domínio. Tambem chamada de Nanã Buruku é
considerada a mais antiga das divindades a palavra Nanã ou Nàná é
empregada para se chamar de mãe as mulheres idosas e respeitáveis, ou
seja, a palavra Nanã significa: "Respeitável Senhora". é a mais
antiga das divindades, pois representa a memória ancestral. Mãe de
Loko, Sakpata e Becém na dinastia Fon, Nanã está ligada ao mistério
da vida e da morte. É a senhora da sabedoria, mais velha que o ferro.
Daí, não usar lâminas em seu culto.
No Brasil, as casas de santo cultuam todas as famílias, porém, os
Voduns são interligados entre si com comportamentos, costumes, gostos
e atitudes sempre gerados pelo ancestre ou chefe de da casa.
São em torno de 450 Voduns, alguns cultuados no Brasil outros não.
Com o resgate existe a possibilidade de ampliar o culto e voltar a
reverenciar Voduns, que tinham desaparecido devido a falta de
informações, assim como admitir em nos templos existentes, esses
Voduns encontrados.
Os vodun-ses da família de Dan são chamados de Megitó, enquanto que
da família de Kaviuno, do sexo masculino, são chamados de Doté; e do
sexo feminino, de Doné.
Os cumprimentos ou pedidos de bençãos entre os iniciados da família
de Dan seria
?Megitó Benoí?? Resposta: ?Benoí?; e aos iniciados da família
Kaviuno, ou seja, Doté e Doné seria ?Doté Ao?? Resposta: "Aótin".
O termo usado "Okolofé", cuja resposta é "Olorun Kolofé" vem da fusão
das Nações de Jeje e de Ketu.
Muitos Voduns Jeje são originários de Ajudá. Porém, o culto desses
voduns só cresceram no antigo Dahomé.
Muitos desses Voduns não se fundiram com os orixás nagos e
desapareceram totalmente.
O culto da serpente Dãng-bi é um exemplo, pois ele nasceu em Ajudá,
foi para o Dahomé, atravessou o Atlântico e foi até as Antilhas.
Quanto a classificação dos Voduns Jeje, por exemplo, no Jeje Mahin
tem-se a classificação do povo da terra, ou os voduns Caviunos, que
seriam os voduns Azanssu, Nanã e Becém.
Temos, também, o vodun chamado Ayzain que vem da nata da terra. Este
é um vodun que nasce em cima da terra.
É o vodun protetor da Azan, onde Azan quer dizer "esteira", em Jeje.
Achamos em outro dialeto Jeje, o dialeto Gans-Crus, também o termo
Zenin ou Azeni ou Zani e ainda o Zoklé. Ainda sobre os voduns da
terra encontramos Loko.
Ele apesar de estar ligado também aos astros e a família de Heviosso,
também está na família Caviuno, porque Loko é árvore sagrada; é a
gameleira branca, que é uma árvore muito importante na nação Jeje.
Seus filhos são chamados de Lokoses.
Ague, Azaká é também um vodun Caviuno. A família Heviosso é
encabeçada por Badë, Acorumbé, também filho de Sogbô, chamado de
Runhó. Mawu-Lissá seria o orixá Oxalá dos yorubás.
Sogbô também tem particularidade com o Orixá em Yorubá, Xangô, e
ainda com o filho mais velho do Deus do trovão que seria Averekete,
que é filho de Ague e irmão de Anaite.
Anaite seria uma outra família que viria da família de Aziri, pois
são as Aziris ou Tobosses que viriam a ser as Yabás dos Yorubás,
achamos assim Aziritobosse.
oloje iku ike obarainan
Efun
iyawo pintada com efun candomblé.
Efun é uma cerimonia ritualística que consiste em pintar a cabeça raspada e o corpo de um iniciado, com circulos ou pontos, e com traços tribais, feitos com giz, também conhecido como pemba durante a iniciação. Na primeira saida (saida de Oxalá) do iniciado (Iaô), a pintura é toda branca. Na segunda costuma-se usar a côr preferida do seu orixá de cabeça.Para essa pintura usa-se giz dissolvido em água, com um pouco de goma arábica. Depois da dança a pintura é removida com um banho de ervas sagradas.
Efun na língua iorubá é cal, giz. No culto de Obatalá ( Oxalá) , na África este é representado por bolos redondos de giz - sésé - efun ( xexé efun ) , bem como outros objetos brancos. Efun também significa cal. E cal é " lime " em inglês , que também é limo. O chamado " limo" da Costa para representar Oxalá acaba sendo confundido devido ao uso errôneo das palavras. O cal ou gesso, , segundo as tradições africanas, é o material para o "assentamento", que é a implantação do orixá no iaô e no seu fetiche.Dicionário de cultos Afro. Brasileiros Olga Gudolle Cacciatore nome jeje-nago dado a vários tipos de pó, utilizados nos rituais afro brasileiro.
Efun mineral: é um pó retirado de calcário, que são encontrados na natureza em várias cores, também chamada de tabatinga. É utilizado na feitura de santo que serve para pintar o corpo do neófito, chamada de efum fum (pó branco).
Efun vegetal: é um pó retirado de frutos tipo: obi, orobo, aridan, pichurin, nós-moscada e folhas sagradas. A mistura do efun mineral e o efum vegetal recebe o nome de atin e só deve ser preparada pela iyaefun ou iyalorixa. A farinha de mandioca é chamada naturalmente de efun nos terreiros de candomblé.
Efun animal: é um pó retirado de ossos e cartilagens dos animais utilizados em sacrifícios aos orixás. Esta extração deve ser feita pelo axogun ou babalorixá, entrando na preparação de assentamento de orixa.
Efun (barro branco encontrado no fundo dos rios); foi o primeiro condimento utilizado antes da introdução do Sal. Muito usado em Ebos elaborados para aos Orisa-funfun (Orisa’s dos primórdios). O efun simboliza o Dia, por isso, quando em pó, seja soprado ou friccionado seco é utilizado com o objetivo de expandir, vitalizar, iluminar, clarear, despertar, avivar. Já o Efun molhado com água pura ou com o soro do Igbin é utilizado para acalmar, tranqüilizar, adormecer, suavizar, abrandar, repousar, proteger. Por isso que a cabeça do Yawo em reclusão deve permanecer coberta de pó de Efun o Dia, e durante a noite coberta com Waji e pequenas marcas de Efun.
oloje iku ike obarainan
Wáji
Wáji na cabeça do Iaô iniciação ketu.
Wáji, Uaji ou Arokin é um tipo de pó azul, chamado pelo povo de santo de indigo. Resulta da mistura de minerais cuja a composição é: Sódio, Alumínio e Silicato.
Este pó é utilizado em inúmeros rituais do candomblé, principalmente para assentamentos de orixá "Igba Orixá" e na feitura de santo sobre a cabeça do iaô/elegun. Símbolo da idealização, transformação, direcionamento com o objetivo de proteger contra todos os males espirituas, materiais e psiquicos, principalmente da negatividade de Iyami.
A utilidade dos pós - Yerossum, osun ,waji, Efum.-Iyerosun- é um pó amarelado oriundo da arvore osun através da ação de cupins. Ele é espalhado sobre o Opon Ifá, onde o Babalawo faz a marcação dos Odu e, posteriormente, após ritual próprio pertinente aos Babalawos, esse iyerosun que foi encantando, poderá ter diversas aplicações.Costumeiramente é empregado em beberagens, banhos, sabão para banho, diversas fórmulas para proteção e sorte, podendo ainda, dependendo da situação, ser espalhado sobre oferendas aos Orisa ou Orunmila.Mas somente terá valor litúrgico se for preparado por um Babalawo.-Osun- pó vermelho extraído da arvore de mesmo nome, normalmente o compramos em pequenas bolas, ele é utilizado nos rituais iniciáticos para a maioria dos Orisa, principalmente para as Iyabas, porém é interdição para os Orisa funfun. Existem determinados ebos onde fazemos o uso do Osun, além de fazer parte do preparo de algumas magias para a sorte e saúde. Com a utilização do Osun busca-se a fertilidade e a prosperidade, o osun é associado ao ase de sangue vermelho dentro do reino vegetal.-Waji- Usado também nas pinturas dos rituais de iniciação aos Orisa, da mesma maneira que o Osun, ele é proibido para os Orisa funfun. Sua aplicação está relacionada à força espiritual, associado ao ase de sangue preto do reino vegetal. Também empregado em algumas fórmulas.-Efun- É um potente "giz" branco empregado nas pinturas iniciáticas de todos os Orisa, principalmente os Orisa funfun. É considerado muito sagrado, trás o equilíbrio, tranqüilidade, paz e paciência. Muito empregado no preparo de diversas fórmulas para varias finalidades. Faz parte do ase de sangue branco do reino mineral.
oloje iku ike obarainan
ENTENDA O PORQUE O OBI TEM DE SER SACRIFICADO COM A FACA (OBÉ)
Olófin, ” O Senhor das leis”, um dos títulos de Olódùmarè, decidiu um dia visitar a Terra e ver de perto como as coisas andavam. Em sua caminhada conheceu um homem que se chamava Obì, e que lhe impressionou muito por ele ser uma pessoa muito justa, sem orgulho e pretensões, e sem nenhuma vaidade.
Então Olófin decidiu que Obì deveria viver muito alto, vestido de branco por fora e por dentro, que sua alma seria imortal e que trabalharia para ele. Em seguida, Olófin lhe apresentou Èsù, e entre ambos surgiu grande amizade, sendo que os amigos de um passaram a ser amigos do outro. Os pobres, os ricos, os corretos, os desajustados, todos eram amigos de Èsù.
Com o correr do tempo, Obì, começou a se tornar vaidoso e cheio de sí.O orgulho tomou conta dele, que passou a evitar as pessoas que lhe eram inferiores; até Èsù ele evitava, devido as suas amizades que não agradavam Obì.
Desejando celebrar uma festa, Obì convidou Èsù e pediu-lhe que evitasse convidar suas amizades. Èsù, que havia notado a mudança de comportamento de Obì, convidou os poderosos e ricos, mas também convidou os vagabundos e miseráveis da cidade. Quando Obì chegou em casa e viu aquela gente estranha, ficou irado e perguntou:” Quem convidou esta gente à minha casa?” Todos responderam:” foi Èsù”.
Obì se enfureceu e expulsou a todos, dizendo que não admitia vagabundos em sua casa. Èsù chegou no momento em que todos saíam, dizendo que Obì era vaidoso e ingrato. Em seguida, saiu acompanhando seus amigos.
Compreendendo o que havia feito, Obì tentou reconsiderar, dizendo que havia se equivocado ao tratar daquela forma os amigos pobres de Èsù.Èsù porém, não lhe fez caso, seguindo o seu caminho.
Certo dia, Olófin convocou Èsù à sua presença e pediu-lhe que levasse um recado para Obì, porém Èsù se recusou,e, ao ser inquirido sobre a razão da recusa de ir à casa de seu amigo, respondeu-lhe que Obì havia mudado de comportamento, tornara-se muito vaidoso e se recusava a receber em sua casa os pobres e os humildes.
Olófin escutou em silêncio o relato de Èsù, e, quando este terminou, lhe disse:” Vou ensinar uma lição a Obì”.
Usando de um disfarce, Olófin foi até a casa de Obì.
Tocando a porta, foi recebido por Obì, que não lhe reconheceu, e foi dizendo para se afastar dali, que ele não dava esmolas à ninguém. Olófin ao ouvir aquilo, firmou a voz e lhe disse:” Olhe para mim! veja quem sou eu!…
Obì, diante da presença de olófin, tratou de corrigir-se alegando um engano. Olófin então lhe falou: ” Eu lhe acreditava um homem honesto, íntegro e bom, sem falso orgulho ou vaidade, por isso o fiz branco por todos os lados e com espírito imortal. Parece que de viver tão alto, sua cabeça chegou às nuvens. Mas vou corrigir tudo isso. Você, a partir de agora, viverá no alto, mas só que no alto das árvores, porém cairás e rolarás por terra, para que aprendas que por mais elevado que uma pessoa esteja, também poderá cair por terra. Você se vestirá de verde por fora e branco por dentro, mas algumas vezes será negro. quando aprender a corrigir seus erros, eu o perdoarei. Até lá, você deverá servir a todos os òrisà e ajudará a predizer o futuro a todos que desejarem saber, tanto os ricos como os pobres e necessitados sem distinção social ou de cor”.
….Olodunmare também proclamou que, como um símbolo da prece, a árvore somente cresceria em lugares onde as pessoas respeitassem os mais velhos.
Naquela reunião do Conselho Divino, a primeira noz de cola foi partida pelo Próprio Olodunmare e tinha duas peças.
Ele pegou uma e deu a outra para Elenini, a mais antiga divindade presente.
A próxima noz de cola tinha três peças, as quais representavam as três divindades masculinas que disseram as orações que fizeram nascer a árvore da noz de cola.
O Obi deve ser sacrificado com faca “Obé ou Agadá”, exceto para o Orixá Nanã. Orin “cântico”: (Obi dô, Obi dô Ireo! Pá agadá obi dô obi dô asé.)
O Povo do Santo com certeza já ouviu a expressão “eu comi do seu Obi”, em afirmação e confirmação de que esteve presente no ritual pelo qual a pessoa passou. O Obi é um fruto sagrado presente em 99,9 % dos rituais do Candomblé, por esta razão cercado de muito mistério, conceitos, mitos e tabus. Corre uma nota na internet que: “Obi não pode ser cortado com faca”, fato aceito e passado por muitos sacerdotes renomados de forma errônea. Quando o correto era dizer que: “antes do Obi responder alafia não poderia ser cortado” isso para qualquer tipo de Obi; de duas, três, quatro ou mais gomos, até porque o Obi para ser sacrificado ele tem que aceitar a sua condição de sacrifício, mas depois deve ser sacrificado sim e não de qualquer forma, deve ser sacrificado pelo local onde ele iria nascer, justamente no broto, lugar onde iria germinar e tornar-se uma árvore (O sacrifício é justamente este, impedir dele se tornar uma árvore em nome do ritual que está sendo feito). Todo Obi deve ser tratado com muito carinho e respeito, igual a um animal de duas ou quatro patas, deve estar limpo e sem nenhum ferimento e o seu sacrifício deve ser rápido e preciso no local já mencionado, caso contrário seria como sacrificar um animal pelos pés ou barriga ou caso contrário, deixando o animal ferido sem ter a ideia de quando iria morrer. Depois de sacrificado as farpas do seu futuro broto deve ser mastigado pelo sacerdote juntamente com o ataré (pimenta da costa) e proferido o Ofó de Obi para que seu sacrifício e objetivos sejam aceitos e torne-se realidade, servindo em seguida aos ancestrais, Ori e Ara do indivíduo e seu Orixá, o restante pode ser colocado no Igbá Orixá, partes dele ou total, quando oferecido partes dele o restante deve ser fatiado com faca e servido a todos os presentes, as vezes só com água, com mel ou melaço. O único Orixá que não permite o uso da faca no sacrifício do Obi é Nanã, neste caso pode ser tirado o seu broto com os dentes e evita-se a distribuição com os demais.
oloje iku ike obarainan